Baseada no filme homônimo de 2011, a série da Amazon Prime Video, Hanna, tem algumas particularidades que a diferenciam do filme
Por vezes uma espécie de coming of age se une a uma proposta que debate a civilização e os “bons costumes”. Será que somos realmente civilizados e não animais bem treinados? É isso que “Hanna”, filme de Joe Wright questionou em 2011. No filme, Hanna vive com o pai Erik Heller, em condições primais, quase pré-históricas, caçando para comer e vestindo peles de animais para insular-se do frio, numa região inóspita do Ártico. Se isso já não bastasse, a menina é constantemente treinada por seu pai em sobrevivência, técnicas de luta, manuseio de armas, conhecimentos gerais e várias línguas.
Não demora para aprendemos um pouco sobre o porquê daquilo tudo e entendemos não só que Hanna é especial, mas, também, que a reintegração dos dois ao mundo civilizado depende do assassinato de Marissa Wiegler, agente da CIA, toda a razão do treinamento pesado de Hanna. É um constante jogo de gato e rato, com Hanna e Erik fugindo, caçando e sendo caçados por Marissa.
Neste sentido, ambos as premissas se aproximam, com diferenças mínimas. Na série, Hanna é uma garota de 15 anos que vive com Erik, o único homem que ela conheceu como pai, em uma parte remota de uma floresta na Polônia. Erik uma vez recrutou mulheres grávidas para um programa da CIA, codinome UTRAX, onde o DNA das crianças era reforçado para criar super-soldados.
Quando Erik se apaixona por Johanna, mãe de Hanna, ele resgata a bebê e eles fogem. A CIA então ordena que sua agente no local, Marissa, encerre o projeto e elimine todos os bebês. Depois de 15 anos escondidos na floresta na Polônia, Erik e Hanna chamam a atenção de Marissa, que promete caçá-los.
Desenvolvimento
É claro que numa série de TV composta por 8 episódios em sua primeira temporada, o desenvolvimento dos personagens seria melhor que o do filme. A série se beneficia pelo fato de seu criador David Farr, ser o roteirista da produção original.
O primeiro ano de Hanna é basicamente aquilo que vemos no enredo do filme, apenas com algumas alterações que claramente visam a continuidade e uma renovação, algo que aconteceu já que a segunda temporada está chegando.
A relação entre pai e filha
Mesmo com mais tempo para ser trabalhada, a impressão é que a relação entre Hanna e Erik é muita mais afetiva no filme de Wright. A dupla original feita por Saoirse Ronan e Eric Bana, tem suas divergências durante os 111 minutos da fita, mas a química entre os dois está sempre presente. Já os protagonistas da série, Esme Creed-Miles e Joel Kinnaman, transmitem uma sensação de indiferença e falsa intimidade.
Ambas as duplas causam empatia ao espectador e é possível se importar com cada reviravolta da trama, apesar da química entre os atores ser diferente.
A Trama
Se na série as coisas vão direto ao ponto, a trama do filme é mais poética. Na produção da Amazon, Hanna é mais crua, ao mesmo tempo em que seu contato com a civilização se dá de maneira mais rápida e até surpreendente. No filme, cada novidade é valorizada, e as descobertas da protagonista são inseridas gradualmente.
As relações de confiança entre pai e filha, da filha com os outros, a sexualidade e o amadurecimento, são coisas mais abordadas na TV. O fato de ambas serem adolescentes torna tudo mais difícil, já que estamos diante de uma fase complicada, cercada de questionamentos e experimentações.
A vilã e as cenas de ação
Ambas as produções são esteticamente impecáveis e possuem uma fotografia bem trabalhada, mas as cenas de ação as diferem. No filme, tudo acontece de forma mais lenta e mal ensaiada. Já na série, a movimentação é mais frenética e muito mais violenta.
As “Marissas” vividas por Cate Blanchett (filme) e Mireille Enos (série) só são parecidas na cor do cabelo. A vilã de Blanchett é caricatural e malvada ao extremo, se tornado unidimensional. Já Enos tem todo um background. Conhecemos sua família e suas reais motivações, além de seu controle pelo poder.
A escolha de Sophie
Apesar de carismáticas, ambas as abordagens de Sophie, melhor amiga da protagonista, são superficiais e trazem um drama teen as produções. A Sophie de Jessica Barden, tem pouca importância no filme, aparecendo como uma espécie de suporte emocional rápido.
Já a feita por Rhianne Barreto, ganha mais desdobramentos, além de sua família ser britânica e de origem indiana. A série aborda questões como paternidade, e a relação com as drogas e o sexo, em uma atualização necessária e bem vinda a narrativa, além é claro da era inovadora e tecnológica do mundo atual.
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