Por que você deve assistir Black Mirror?

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Pense sobre os espelhos negros


Finalmente está chegando o dia! Nessa sexta, a Netflix vai liberar os primeiros seis episódios da terceira temporada de uma das melhores séries britânicas já produzidas: a gloriosa e imperdível Black Mirror. Uma série maravilhosa que preenche todos os requisitos básicos para entrar na lista de grandes produções. Tem roteiros sensacionais, episódios com a minúcia que os apaixonados por séries da Terra da Rainha já conhecem e tem a ousadia de, entre outras histórias, obrigar o primeiro-ministro da Inglaterra a fazer sexo com uma porca em uma transmissão ao vivo.

Sim, foi isso mesmo que você leu: a história do primeiro episódio gira em torno de um político importante fazendo sexo ao vivo para salvar a princesa do seu país. Mas calma que Black Mirror é muito mais do que esse primeiro gostinho. Sabendo disso, eu decidi rever todos os episódios lançados entre 2011 e 2014 e separar alguns motivos para vocês também embarcar nessa loucura.

1) Nosso lema é ousadia e atualidade

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A já citada sinopse do primeiro episódio certamente justifica a presença dessas duas palavras no primeiro tópico, mas – como eu também já disse – Black Mirror é composta por muito mais do que só cenas de sexo complicadas e perturbadoras. O seu conteúdo é original, ousado e extremamente atual para uma sociedade voltada cada vez mais para a tecnologia. Sempre que as pessoas ficam comovidas por conta do bloqueio do WhatsApp, eu só consigo pensar em como isso parece ser um episódio da vida real.

Black Mirror é uma antologia, mas todas as histórias giram em torno de uma proposta central: discutir a relação do ser humano com a tecnologia sobre vários ângulos. Dessa forma, cada um dos episódios pode explorar essa ideia como achar mais interessante, mantendo a originalidade e a atualidade nos personagens, nas situações, nos assuntos e nas tecnologias inovadoras.

Já a ousadia é fruto da liberdade criativa característica da televisão britânica. Esse trunfo sempre garantiu que Charlie Brooker (criador e e roteirista de todos os episódios) brincasse com muitas situações bizarras, deixando claro, no entanto, que o objetivo por trás de tudo é fazer o espectador pensar sobre a proposta central. Em outras palavras, Black Mirror instiga o espectador através do incômodo de seu conteúdo.

A união desses dois contexto permite que os roteiristas coloquem o dedo na ferida sem nenhuma dó, abordando conceitos super atuais que giram em torno de política, opinião pública, alienação, morte, terrorismo, justiça, reality shows e por aí vai. Só pra exemplificar: o terceiro episódio da segunda temporada ironiza as pessoas que xingam e berram escondidas atrá de perfis na internet ao candidatar um personagem animado que faz exatamente isso. Na verdade, poderíamos até dizer que o Waldo é muito parecido com um certo candidato americano que não deve ser nomeado.

2) Nunca deixe as boas tramas de lado

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Além de desenvolver seu complexo estudo sobre a sociedade e a tecnologia, os roteiristas sabem que uma série de TV precisa ser interessantes, divertidas e surpreendentes para manter a audiência conectada e ansiosa para o próximo episódio. Principalmente quando um contexto completamente diferente será apresentado na próxima semana.

Nesse caso, os interessados em boas tramas podem ficar tranquilos, porque todos os episódios de Black Mirror possuem tramas muito bem elaboradas, desenvolvidas e amarradas no final. O desenrolar é muito ágil mesmo quando o texto foca apenas em diálogos, a tensão ocupa um boa parte do tempo e as reviravoltas realmente explodem a cabeça do público. Todos são obras-primas que realmente prendem a atenção do espectador, sendo que o especial de Natal merece ainda mais destaque por reunir três histórias diferentes em um final destruidor.

Além disso, os roteiros de Charlie Brooker ganham vários pontos extras por não ficarem preocupados apenas com a tecnologia em si. As relações entre os seres humanos ainda estão acima de tudo e os novos aplicativos são apenas ferramentas que influenciam na forma como isso é estabelecido, gerando consequências tanto dentro quanto fora da própria tecnologia. O final do especial de Natal é o melhor exemplo mais uma vez, já que a tecnologia é apenas um instrumento que facilita a condenação dos protagonistas, garantindo inclusive que um deles fique preso em uma solitária sem tirá-lo das ruas.

3) Cada episódio tem o gênero que merece

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Aproveitando o modelo antológico que já foi estabelecido nesse texto, a série pode utilizar vários gêneros e recursos estilísticos para desenvolver suas tramas elaboradas, ousadas e originais. É claro que todo o contexto tecnológico e futurista cria uma ligação forte entre Black Mirror e a ficção científica, mas a criatividade do roteirista pode levar os episódios para longe desse lugar comum com um estalar de dedos.

Para explicar melhor o que estou querendo dizer, eu só preciso fazer uma pequena lista com as abordagens que, na minha opinião são predominantes em cada episódio. O primeiro, por exemplo, pode ser considerado um suspense político com pitadas dramáticas. Já o segundo episódio é uma comédia romântica que se passa em um reality show bizarro, enquanto o terceiro é um drama tenso que gira em torno de uma tecnologia que transforma os relacionamentos e as brigas entre casais.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, a segunda temporada inclui um drama emocionalmente pesado sobre a relação do homem com o luto, um terror que apresenta um jeito teatral e masoquista de ganhar dinheiro com a condenação de pessoas em um parque temático e mais um drama político intenso com o nosso Donald Trump animado. Isso sem falar no episódio de Natal que pode ser considerado um belo suspense policial disfarçado de um conto natalino. As possibilidades são muitas e Black Mirror não perde as chances da aproveitar.

4) Com grandes histórias vêm grandes atuações

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Dentro de tudo isso que eu já falei, um dos grandes destaques de Black Mirror está no seu ótimo elenco, formado tanto por nomes reconhecidos do mercado quanto por jovens atores em busca da fama.

Entre os rostos mais conhecidos podemos destacar os ótimos trabalhos de Rory Kinnear (007 – Operação Skyfall e Penny Dreadful), Rupert Everett (Shrek 2 e O Lar das Crianças Peculiares), Toby Kebbell (Planeta dos Macacos: O Confronto, Ben-Hur e muitos outros blockbusters desde 2014), Domhnall Gleeson (Questão de Tempo, Star Wars – O Despertar da Força e O Regresso), Hayley Atwell (Capitão América: O Primeiro Vingador e Agent Carter), Michael Smiley (A Outra e Luther), Jason Flemyng (X-Men: Primeira Classe), Tobias Menzies (Rome e Game of Thrones), Rafe Spall (A Grande Aposta e As Aventuras de Pi), Natalia Tena (vários filmes de Harry Potter), Oona Chaplin (Game of Thrones) e Jon Hamm (Mad Men e Sucker Punch).

Já entre aqueles que aproveitaram o reconhecimento de um grande papel na série, podemos separar Daniel Kaluuya (Kick-Ass 2 e Pantera Negra), Jessica Brown Findlay (Um Conto do Destino e Victor Frankenstein), Phoebe Fox (Decisão de Risco), Jodie Whittaker (Broadchurch), Tuppence Middleton (O Jogo da Imitação e Sense8) e Christina Chong (24 Horas: Viva um Novo Dia).

E pra melhor, os novos episódios devem manter o nível com as participações de Gugu Mbatha-Raw (Um Homem entre Gigantes), Mackenzie Davis (Perdido em Marte e Blade Runner 2049), Jerome Flynn (Game of Thrones), Bryce Dallas Howard (Jurassic World e Gold), Alice Eve (Além da Escuridão: Star Trek), Michael Kelly (House of Cards), Benedict Wong (Marco Polo e Doutor Estranho), Kelly Macdonald (Special Correspondents e Boardwalk Empire) e Wyatt Russell (Anjos da Lei 2).

5) Assista quantos quiser

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Os episódios bem escritos e cheia de boas atuações ainda não foram o suficiente pra te convencer? As diversas interpretações que fazem você pensar sobre sua vida também não? Então o argumento mais importante é que Black Mirror só possui sete episódios até o dia 21/10, sendo que todos tem histórias totalmente independentes, uma média de 50 minutos cada e estão disponíveis na Netflix. Você pode assistir quantos quiser na hora que quiser sem preocupação, mas eu já deixo o aviso: você vai viciar e querer assistir tudo até a estréia da nova temporada! Faça isso sem culpa e aproveite!


OBS 1: Se você não entendeu o título da série ou a minha chamada, incluo aqui a explicação que o próprio criador deu ao The Guardian, na época da estréia.

“Se a tecnologia é como uma droga – e ela parece com uma droga – quais são precisamente os efeitos colaterais? Essa área entre o prazer e o desconforto é onde Black Mirror, minha nova série dramática, está situada. O ‘espelho negro’ do título é aquele que você irá encontrar em cada parede, em cada mesa, na palma de cada mão: a fria e brilhante tela de uma TV, monitor, smartphone.” (BROOKE, 2011).

 

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