Animação estilizada e um uso incrível da trilha sonora, fazem de “Mate-o e Saia Desta Cidade,” um estudo sobre a solidão
Há tempos o cinema flerta com o mundo dos sonhos. O próprio cinema é um conjunto de conceitos, por vezes imaginários, que formam uma ideia. Trazer aquilo que se pensa “literalmente” para o papel é algo difícil, mas “Mate-o e Saia desta Cidade“, usa de diferentes estilos de animação para passar sua mensagem.
Fugindo do desespero após perder as pessoas mais importantes da sua vida, o protagonista desta animação se esconde em um refúgio de memórias, onde todos aqueles que lhe são queridos ainda estão vivos. Com o passar dos anos, uma cidade cresce em sua imaginação.
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O longa de estreia do polonês Mariusz Wilczynski utiliza poucos traços e uma predominância do branco em diferentes superfícies, para trazer um sentimento de solidão. Luz e sombra, sonho e realidade, vida e morte se entrelaçam, e podem confundir espectadores desatentos.
A trilha sonora com as músicas do compositor e guitarrista polonês Tadeusz Nalepa começa tímida, mas depois abandona a vergonha e toma parte de “Mate-o e Saia Desta Cidade”, numa trama repleta de filosofia.
Uma obra onírica, disposta a apresentar alguns distúrbios da mente humana. Ao mesmo tempo em que fala para todos, o sentimento é que o filme de Wilczynski é bastante pessoal, por vezes específico demais.
“Mate-o e Saia Desta Cidade” é uma bad trip desenhada, com ares de psicodelia. Caricatural, essa estranheza nas formas e transições perfeitas entre uma cena e outra, são propositas para discutir o mundo disforme em que vivemos.
O artista tem o costume de jogar suas maiores angústias no quadro/papel, só faltou a Wilczynski talvez, ser menos intimista.