Vivir Ilesos é um filme sobre sobrevivência, ao passo em que falha na maioria de suas ações, beirando o amadorismo e o mau gosto
A cena inicial de “Vivir Ilesos” é filmada num plano médio com pouca luz. Parece um filme caseiro e não se sabe se essa era mesmo a proposta do diretor. No decorrer do filme percebemos que alem de uma espécie de “cinema situação”, a obra é recheada de defeitos. Na trama, um casal de golpistas é desmascarado e sequestrado por um excêntrico milionário. O ricaço mantém a mulher com ele, e abandona o homem, que com o passar do tempo tenta desesperadamente que a polícia e o Estado entrem em ação, sem sucesso.
A violência da produção de Manuel Siles tenta ser cruel, mas é bastante falsa. Os socos parecem que não acertam o alvo, os tapas e empurrões muito menos. O sadismo presente na figura do homem poderoso que acha que pode ter tudo ao seu pés só reforça um discurso raso que tenta ser profundo a todo instante. As atuações são overrated, de um nível parecido com as piores novelas mexicanas exibidas no SBT.
Ao mesmo tempo, Vivir Ilesos tenta fazer uma crítica ao sistema engessado e sua ocultação quando se trata dos poderosos, mas fica apenas na superfície, principalmente quando foca na figura do delegado, mais cômico do que intimidador.
Os personagens unidimensionais são apenas fantoches de um roteiro raso e pobre. Lucía (Magaly Solier) e Alberto (Oscar Ludeña) geram zero empatia e, surpreendentemente, a figura sádica do sequestrador vivido por Renato Gianoli é a que tem mais personalidade.
“Vivir Ilesos” é um estudo falho sobre como o agredido pode se tornar o agressor. Além disso, o papel da mulher é justamente o de objeto, tendo pouca voz na narrativa e sendo totalmente dependente dos homens e seus desejos obsessivos.
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