Vinyl – 1ª Temporada | Crítica

Vinyl

O que esperar de uma série criada e produzida por Mick Jagger e Martin Scorsese, além de Allen Coulter e Terence Winter? Se você pensou em música boa, “fucks” em excesso e ótimas atuações, você pensou corretamente. Vinyl é a nova série da HBO que acompanha a vida de Richie Finestra, o principal executivo da gravadora fictícia American Century, que tenta salva-la do fim iminente.

Sobre Vinyl…

Ao mesmo tempo acompanhamos sua vida pessoal, e todo o peso que o mesmo tem de segurar tudo em seus ombros.  O piloto de Vinyl foi dirigido por Scorsese e tem 2 horas de duração, um exagero? De maneira alguma. Scorsese consegue deixar sua marca tanto na trilha sonora, que percorre toda a série, como na narração in off, violência, abuso de drogas e em situações absurdas e tragicômicas. Uma dessas situações inclusive, move toda a série.

Richie Finestra (Bobby Cannavale no melhor papel de sua carreira, Emmy is coming) consegue trazer empatia e nojo em igual, o protagonista é surtado, se descontrola facilmente e tem um absurdo problema com drogas. Bobby consegue passar todos os traumas do personagem (auxiliado por flashbacks), além de fazer com que tenham empatia por ele, o comparo a Michael Corleone, o homem que quer sair da ilegalidade, mas o puxam de volta.

Paralelo a ele acompanhamos a trajetória de sua esposa Devon (Olivia Wilde linda e excelente), que transmite a toda a frustração de que podia ter sido alguém melhor se não tivesse casado com Richie, Devon é a mulher apoiadora, sempre disposta a ajudar, mas também é igualmente forte para se afastar quando convém.

O bromance do morde e assopra entre Richie e Zak Yankovich (Ray Romano incrível), traz ótimos diálogos e situações absurdas. A história de Richie apesar de ser o combustível que move toda a série, dá espaço para acompanharmos também a estreia do competente filho de Mick Jagger, James Jagger como Kip Stevens, líder da banda fictícia Nasty Bits, que é a esperança da gravadora de conseguir novos hits e sair da lama, ao lado de Kip a moça do café que o descobriu, Jamie Vine (Juno Temple, linda e excelente ²).

A interação dos dois é natural e formam o núcleo de menos força de Vinyl, mas não menos interessante. Max CasellaJack QuaidPaul Ben-Victor entregam boas atuações e também movem o roteiro.

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Roteiro esse que respira música, a começar pela incrível abertura, e os pequenos números musicais no meio das cenas, algo que seria brega nos dias atuais, não tanto nos anos 70 onde a série é ambientada. Aliás um excelente trabalho de figurino e direção de arte realizados. O lado obscuro da música e das gravadoras é mostrado em apenas um monólogo do ótimo Lester Grimes (Ato Essandoh) que simplifica tudo, caso você fique perdido em meio a tantos assuntos e personagens.

Música essa que é reverenciada durante toda a temporada, afinal Mick “Fucking” Jagger é um dos produtores e consultor musical. Vamos de Stevie Wonder a New York Dolls, de The Who a Julian Casablancas, de Bob Marley a Nasty Bits, sim, a banda fictícia compôs para a trilha da série que você pode ouvir aqui:

Além disso, temos participações de artistas reais encarnados na série por bons atores, como Elvis Presley (Shawn Wayne Klush), Robert Plant (Zebedee Row), John Lennon (Stephen Sullivan) e David Bowie, interpretado por Noah Bean, que teve o episódio 6 dedicado a ele, com uma apresentação incrível de “Life on Mars?“.

Vinyl está sendo acusado de exagerado e uma história já vista, mas está longe disso. O exagero faz parte do mundo da música ao longo dos anos e quem melhor que Jagger para mostrar isso. A discussão entre a essência das bandas e a imposição das gravadoras e rádios é frequente.

Apenas uma pitada da ascensão do dance music é citada, mas dá margem para uma eventual abordagem no futuro. Talvez o fim da primeira temporada seja um pouco covarde em relação ao restante da série e alguns núcleos não sejam fechados.

Apesar de anunciar um caos e logo depois desfazê-lo, não quer dizer que não seja melhor trabalhado depois. O que fica é a história ousada, que não terá mais Terence Winter após essa temporada, uma pena para uma série tão concisa. O consolo está em Martin Scorsese que confirma sua volta para dirigir mais episódios, pois:


Obs – Vinyl está renovada para sua segunda temporada. (Obrigado HBO)


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