V de Vingança (2006): Crítica do filme

Essa semana, os meios de comunicação foram invadidos por vídeos e notícias relacionados a uma série de manifestações contra a corrupção por todo o Brasil, inclusive na abertura da Copa das Confederações onde a presidente Dilma foi vaiada pela maioria dos torcedores presentes. Logo que vi as noticias e todas as manifestações sendo marcadas, eu lembrei do filme “V de Vingança” e resolvi rever o mesmo.

O filme se passa em uma Inglaterra futurista dominada por um governo autoritário, onde um herói mascarado luta pela liberdade de um povo dominado pelo medo. É nesse mundo que vive Evey, uma garota que teve os pais mortos pelo governo e passa a ser uma aprendiz do herói mascarado, após ser salva pelo mesmo. O filme ainda acompanha a polícia e o governo que precisam parar o anarquista antes do seu ataque derradeiro.

O filme usa a história do herói anarquista para criticar vários aspectos sociais, como a mídia controlada pelo governo e o preconceito contra negros e homossexuais (essa critica tem uma forte relação com a situação de um dos roteiristas). A critica política é ainda mais profunda: observe como o governo totalitário existente no filme é parecido com o nazismo. O governo possui uma política secreta, controla a expressão cultural através de uma forte censura e usa a mídia ara difundir suas ideias. O governo de hoje pode não ser totalitário, mas muitas dessas táticas ainda são usadas nos bastidores.

O roteiro é baseado em uma graphic novel escrita por Alan Moore (que não gostou do roteiro e pediu para não ser mencionado nos créditos), tendo sido adaptado e modernizado pelos Irmãos Wachowski. A história de Moore é mais complexa e pesada, tendo muitas histórias paralelas e criticas politicas mais firmes. Algumas tramas foram retiradas e as ideias anarquistas foram suprimidas durante o processo de adaptação para facilitar o entendimento do filme. Apesar das mudanças, a ideia central da HQ é passada com vigor e beleza.

A direção do filme é de James McTeigue, pupilo dos Irmãos Wachowski, que dirige o filme de maneira sóbria e objetiva. O estilo de direção dele é  bem diferente do estilo exagerado dos irmãos e isso mantém os efeitos especiais em segundo plano, exceto no clímax do filme, que é bem exagerado. A Inglaterra criada pelo diretor é sensacional e funciona muito bem no filme. A ótima direção de arte do filme ajuda e muito nessa ambientação.

As atuações do elenco principal são acima da média.Hugo Weaving é o destaque, já que rouba as cenas apenas com a voz e movimentos físicos. Os seus discursos são imensamente teatrais, mesmo sem a utilização de movimentos faciais. Natalie Portman está ótima como sempre (e bonita também, mesmo quando sua personagem fica careca). O restante do elenco, formado por John Hurt, Stephen Fry e Stephen Rea, mantém o nível das atuações, mesmo tendo participações menores.

Um filme muito interessante, que possui um belo visual, uma ótima história e bons personagens, além fazer criticas que podem ser encaixadas dentro do contexto sócio-politico atual. Em um tempo de revoluções, esse é um filme que deve ser conferido.

OBS 1: Brasileiros, assistam o filme, mas não saiam por aí explodindo prédios ou matando pessoas…

OBS 2: Algumas passagens interessantes do filme:

* “Esse país precisa de mais do que um prédio agora. Precisa de esperança.”

* “Não existem coincidências. Só a ilusão de que existem.”

* “Uma revolução sem dança não tem graça.”

* “O povo não deve temer o governo, o governo é que deve temer o povo.”

* “Ele dizia que os artistas usavam mentiras para dizer a verdade, enquanto os políticos as usavam para encobrir a verdade.”

* “Quando usamos uma máscara por muito tempo, até esquecemos quem somos de verdade.”

* “Tem muito mais que carne embaixo dessa máscara. Embaixo dessa máscara tem uma ideia, Sr. Creedy, e ideias são a prova de balas.”

* Ele é Edmond Dantés, é meu pai, minha mãe, é você e eu…”

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