The Handmaid’s Tale quase se perde em seu segundo ano

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O sadismo misógino e as repetições, quase destroem The Handmaid’s Tale, que graças a direção, fotografia e atuações, ainda é uma das melhores séries da atualidade.

Este texto contém spoilers das 2 temporadas da série!

A primeira cena do segundo ano de The Handmaid’s Tale mostra June saindo da casa dos Waterford e nos 3 episódios seguintes – uma corrida contra o tempo – com o intuito de sair de Gilead. Na última cena da temporada, June está retornando a Gilead, por livre e espontânea vontade. Ambas dizem muito sobre como essa temporada, apesar de brilhante estética e dramaticamente falando, pecou em seu enredo.

The Handmaid’s Tale foi a sensação  do ano passado e abocanhou o prêmio de melhor série dramática no Emmy. Um dos seus principais destaques foi Elisabeth Moss, que também venceu o prêmio. A produtora e protagonista da série, segue inabalável e não há o que se queixar dela. A história pelo contrário, estagnou.

A primeira temporada foi crucial para apresentar uma história de sofrimento, que tinha certo significado e relevância – afinal – estamos diante de um futuro que pode ser um reflexo do nosso, se não tomarmos cuidado. Continuar todo esse sofrimento esse ano, sem propósito e sem avançar a narrativa, parece um tiro no pé numa série que era unanimidade.

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É correto afirmar que não estamos diante de uma série fácil de assistir, mas a linha tênue entre o sadismo misógino e a importância dos fatos serem mostrados como são, é sempre quebrada. June tenta escapar duas vezes, e sofre as consequências disso logo depois. Quando parece que a série vai mudar alguma coisa, ela sempre volta ao status quo.

Dessa vez até Serena (Yvonne Strahovski, merecidamente indicada ao Emmy esse ano), tem o seu calvário pré-definido, apesar de gerar ódio e falta de empatia em alguns momentos. Os roteiristas parecem não se entenderem, e a cada episódio acontece uma mudança na personalidade dos personagens. Quando um fio de esperança é desatado, tudo volta ao sofrimento de antes e parece não haver luz no fim do túnel.

Mesmo diante do marasmo, The Handmais’s Tale ainda é uma série de primeiro escalão. Sua fotografia (a cena do velório com as Aias) e direção (toda a cena do parto de Nichole/Holly), é de um brilhantismo sem igual. Apesar de ter momentos novelescos, os personagens ainda são totalmente imprevisíveis em suas atitudes e os atores brilham ao dar vida a eles.

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Elisabeth Moss é uma força da natureza, que não necessita de nenhuma fala pra mostrar aquilo que sente, seguida de perto por Yvonne Strahovski, com imenso destaque nessa temporada. Alexis Bledel ganha um episódio pra si nas colônias (apenas citadas na temporada anterior), que aumenta o sofrimento dessas mulheres. Através de flashbacks –  necessários para entender o que se tornou o que era os Estados Unidos da América – somos guiados a um mundo que aos poucos foi se auto-destruindo, e só alguns notavam.

Flashbacks que servem também para Samira Wiley brilhar e ser uma das personagens mais complexas nesse ano. Tia Lydia (Ann Down) é outra que demonstra ser alguém com muito mais camadas do que a grossa casca que a compõe, mas ainda não ganhou um episódio pra chamar de seu, assim como Janine (Madeline Brewer). Aliás, o aumento de 10 para 13 episódios, se mostrou um erro do Hulu, e acabamos tendo mais repetições.

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Entre os homens seria difícil não destacar a evolução de Joseph Fiennes (o irmão menos talentoso e também indicado ao Emmy) e Max Minghella que vai muito além do personagem de apoio. Ao lado da esposa Eden (Sydney Sweeney) , ambos tem o plot menos interessante da temporada, mas não o menos relevante, principalmente em seu final.

A conclusão da temporada pode ser odiosa e sociopata pra alguns, ao mesmo tempo em que pode trazer a tão esperada mudança. A permanência de June em Gilead, pode unir essas mulheres – que já mostraram que possuem forças – quando se unem. Se continuar retornando ao sofrimento sem sentido, não haverá beleza e atuação que salve uma das melhores séries da atualidade.

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