O novo “Star Trek” é um filme divertido, recheado de cenas de ação geniais, com boas atuações, ótimos efeitos especiais e um 3D que vale o ingresso.Tudo que grande público quer que um blockbuster tenha e mais um pouco. Não é um filme perfeito, mas é até agora o melhor filme do ano. Eu também gostei de Homem de Ferro 3, mas esse filme leva o entretenimento para um outro nível.
A premissa do filme coloca Kirk e a tripulação da Enterprise em uma missão pessoal contra um vilão diferente de tudo que eles já tinham enfrentado. Não quero contar muito para não estragar as várias reviravoltas presentes no filme. Além disso, essa premissa só existe para dar um pontapé inicial nas relações entre os personagens. São essas relações que movimentam o filme. Temos Pyke e Kirk, Spock e Kirk, Spock e Uhura e John Harrison com todos os outros.
O filme continua utilizando a realidade paralela, que foi criada no primeiro filme, para poder contar histórias conhecidas de maneiras diferentes. Com isso, o filme tem capacidade para agradar tanto os novos fãs quanto os trekkers mais antigos, principalmente com a grande quantidade de referências aos filmes e a série original. Até quem assistiu só os filmes e poucos episódios da série – como eu – vai entender boa parte das referências.
Apesar de tudo, as cenas de ação são o ponto alto do filme. Os efeitos especiais, a trilha sonora, o 3D e a direção de J.J Abrams transformam essas cenas em espetáculos recheados de luzes e explosões.
J.J Abrams usa esse filme para se firmar como diretor de ficção científica e mostrar que Star Wars está em ótimas mãos. A direção frenética de J.J se encaixa com perfeição no filme. Sem contar os diversos takes que foram filmados para evidenciar o 3D e aprimorar a experiência do público que se sente dentro do filme. Aliás, o uso do 3D é um dos melhores que eu já vi, com esse artifício sendo utilizado para dar uma profundidade espetacular ao filme sem esquecer de arremessar objetos na platéia em quase toda cena.
O roteiro continua interessante, mas é o aspecto que mais deixa a desejar no filme, tendo inclusive alguns erros grosseiros. O roteiro é desleixado. Alguns backgrounds são criados para depois serem simplesmente abandonados. O vilão é espetacular, mas suas motivações não convencem. Personagens aparecem no filme só para mostrar o corpo. As consequências do clímax também são muito fracas. E esse roteiro preguiçoso e covarde prejudica o filme, principalmente em seu terceiro ato.
AVISO: Esse parágrafo contém spoilers gigantescos que eu preciso comentar.
É nesse terceiro ato que acontece o erro mais grosseiro do filme. Por que só o sangue do Harrison poderia salvar o Kirk, se existiam outros 72 seres similares ao vilão na nave? Vou te dizer que é só para que o Spock realmente salvasse o Kirk e pudesse retribuir o favor feito por esse no inicio do filme. O roteiro podia ter sido mais corajoso e ter mantido a morte do capitão Kirk, assim como a morte de Spock, em “A Ira de Khan”, foi definiva e surpreendente. Essa deve ter sido uma decisão da Paramount que não iria deixar que uma franquia com grande potencial fosse prejudicada pela coragem dos roteiristas (ou talvez os roteiristas não sejam corajosos mesmo…).
A partir desse ponto volto a escrever a critica com o mínimo possível de spoilers.
Outro grande destaque do filme é o elenco, onde Chris Pine (que não é um bom ator, mas faz um bom trabalho) e Zachary Quinto garantem seus lugares definitivos como Kirk e Spock. Zoe Saldana, Karl Urban (que faz um McCoy bem engraçadinho) e Simon Pegg (hilário mesmo nas cenas em que não é usado como um alívio cômico) também estão ótimos. Destaque para uma ótima cena de discussão entre Spock e Uhura, onde o vulcano explica que escolheu não ter certas emoções.
Bruce Greenwood, John Cho, Anton Yelchin e Leonard Nimoy também estão bem, mesmo em participações menores. Outro destaque é o ator Peter Weller, o eterno Robocop, que foi “ressuscitado” por J.J Abrams. Seu papel não é grande, mas é sempre bom ter atores clássicos de volta.
Acima de todo esse elenco está Benedict Cumberbatch, que faz um vilão poderoso e inteligente sem que esse pareça ter saído de um desenho animado. Infelizmente sua voz poderosa, que deve dar outro tom ao personagem, não existe na versão dublada. Cumberbatch é um ator genial com um futuro mais genial ainda. Em breve poderemos vê-lo como o dragão Smaug (ele também fez a captura de movimentos do Necromante) na continuação de “O Hobbit”. E a tendência é que ele apareça cada vez mais em blockbusters.
A trilha sonora de Michael Giacchino é épica e poderosa. O restante da parte técnica também funciona de maneira excepcional no filme.
Um filme que pode divertir todas as gerações de trekkers. Um filme com cenas de ação épicas e com alívios cômicos pontuais, além de uma boa história e bons personagens. Um 3D perfeito que leva o espectador para dentro do filme. Não é perfeito, mas sem dúvida nenhuma Além da Escuridão é um filme que merece ser conferido.
OBS 1: Pra quem não entendeu ainda, John Harrison é o Khan da realidade paralela em que o filme se passa.
1 comment