Slenderman é o pesadelo que não causa medo

slender man

Quando Slenderman foi anunciado, confesso que me causou certa euforia, pois seria a adaptação às telonas de uma lenda urbana que virou um popular game de terror digno de horas de gameplay mas tentei não criar hype para a produção por saber que raramente temos produções boas oriundas de game. E, pra ser bem sincero com você, foi a melhor coisa que poderia ter feito.

A adaptação dirigida por Sylvain White (Hawaii Five-0) resolveu ir pela premissa do grupo adolescente tentando invocar Slenderman através de um ritual que, até então, era apenas um mito. Quatro amigas se reúnem no porão de uma casa e resolvem assistir o vídeo no qual o monstro seria evocado. Por que né?

Num primeiro momento, Slenderman soa interessante, mostrando didatismo ao explicar a figura do moço e o que ele é capaz de fazer. O grande problema está após seus 15 minutos iniciais, que misturam fatos incoerentes dentro da narrativa, personagens com grau de inteligência limitado e um fraco clima de suspense, sempre apoiado em jump scares falsos e sem razão nenhuma de acontecer.

A partir do segundo ato, a fotografia deixa tudo muito escuro e um tanto quanto confuso. Em parte pela proposta do próprio monstro, em usar a sombra e a escuridão para causar terror, e também como forma de gerar angústia com a perseguição de Slenderman. Mas essa aposta deixa uma atmosfera melancólica, com ar de filme do século XVII, que não é a proposta aqui.

 

slender man

 

E quando digo que as personagens são bem idiotas, não estou sendo rude. Elas são mesmo. Wren (Joey King) e Hallie (Julia Goldani Telles ) que compartilham o protagonismo do longa, não conseguem manter o nível de tensão proposto por um monstro tão perigoso. Chega a ser irritante a falta de carisma e inteligência das adolescentes. Pessimamente construídas, as amigas, junto de Chloe (Jaz Sinclair) e Katie (Annalise Basso) formam um quarteto dos mais fracos que já assisti, carregado de frases de efeito, atitudes incoerentes e escolhas piores ainda.

O roteiro de David Birke força muito essas situações imbecis. Por vezes as amigas se encontram dentro da mata fechada, na calada da noite, fazendo-nos questionar como poderia tamanha tolice das personagens. Sempre que ele estabelece alguma regra para as garotas não serem pegas pelo Slenderman, Birke as quebra sem nenhum motivo aparente e isso soa muito irritante.

Essa condução faz com que o filme escorregue feio em suas escolhas e uma produção de uma hora e meia fica parecendo gigantesca. Isso tudo simplesmente por não saber contar uma história de forma coerente ou linear dentro daquele universo.

Para ser justo, os últimos 20 minutos de Slenderman são sim um tanto quanto aterrorizantes, com belíssimas imagens e um terror psicológico bem empregado. O diretor acerta em mostrar o psicológico abalado das meninas, mas não consegue passar muito disso, esbarrando na falta de criatividade da história que tem em mãos.

No fim das contas, Slenderman é um filme vazio, sem saber de onde veio e onde quer chegar. Ele falha em construir uma história aterrorizante pautada na lenda do monstro, com personagens extremamente vazios, recheado de adolescentes nem um pouco inteligentes, adultos totalmente omissos e um monstro que não cria o medo necessário, por simplesmente não ser visualmente aterrorizante. O terror psicológico fica pra depois e o medo da criatura permanece nos vídeo games.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous Post
netflix

O fim da Era de Ouro da Netflix?

Next Post
new french extremity

Eu Não Acredito em Nada 004 | New French Extremity

Related Posts