“Shirley” traz um retrato de como o machismo afeta as mulheres em atuação afetada de Elisabeth Moss
Se você gosto dos closes excessivos que a série The Handmaid’s Tale dá na atriz Elisabeth Moss, “Shirley” com certeza é para você. Não que a produção de Josephine Decker seja apenas isso, mas o que temos aqui são duas estrelas brilhando com pouco conteúdo.
Duas personalidades imponentes estão no centro deste drama atmosférico: a escritora de terror Shirley Jackson e seu marido, Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), crítico literário e professor universitário. Quando o estudante de graduação Fred Nemser (Logan Lerman) e sua esposa grávida, Rose, vão morar com os Hymans no outono de 1964, eles se veem envoltos sob o encanto e o magnetismo dos brilhantes e pouco convencionais anfitriões.
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Foto: Divulgação
A força de “Shirley” está em suas atuações. De um lado, Moss evoca a personalidade conhecida e difícil de Shirley Jackson, do outro, a Rose de Odessa Young, outrora inocente e reservada, mas que guarda um furacão dentro de si.
As conversas e interações entre ambas elevam a produção, e ambos os egos se alternam. Por ora, uma Shirley enérgica e impulsiva, esbarra na timidez de Rose, já em outros momentos a confiança de Rose confronta a autossabotagem de Shirley. As duas só são paradas (ou pelo menos ameaçadas), pelo machismo da época, que tenta podá-las a todo custo.


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A fim de mostrar o processo criativo de sua protagonista, Decker abusa dos closes e idas e vindas da câmera, emulando uma espécie de Terrence Malick na fase atual. Essa cacoetes não afetam a produção, mas ao mesmo tempo não há muito o que se tirar além do embate entre mulheres e homens.
Temas como independência, feminismo e sororidade não são citados, mas estão inferidos na trama, bem mais sutis no início, mas a medida que o tempo passa vão se perdendo em uma afetação e toxicidade pungentes, onde direção e atuação, não se conversam mais.
Dito isso, a produção se encaminha para um final esperado, não mudando a condição daquelas mulheres. Mesmo denotando solidariedade e certa esperança, e por mais incríveis que sejam, o abuso e o conformismo social por vezes vence.
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