Questão de Tempo

Questão de Tempo 3

Já devo ter deixado claro que não curto comédias românticas melosas e por isso posso dizer que gosto muito dos filmes de Richard Curtis, diretor inglês que volta ao cinema com esse ótimo exemplar.

Curtis é o diretor e roteirista responsável por transformar o gênero na década de 90 com filmes como “Quatro Casamentos e um Funeral” e “Um Lugar Chamado Notting Hill”. Nesses filmes, Richard começa a misturar os gêneros, usando o romance como elemento e não como tema de seus filmes.

Não é diferente com esse ótimo “Questão de Tempo”, que não decepciona quem gosta de romance, mas também não deixa de lado o humor e o drama que podem surgir quando o foco é o fator humano. Tudo isso com uma pitada de viagem no tempo.

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A história é focada em Tim, um desajeitado inglês que descobre ser descendente de uma família de viajantes no tempo. Ele resolve usar o poder para arranjar uma namorada, mas esse é só o começo de uma jornada de crescimento e aprendizado.

O roteiro de Curtis é preciso, sabendo lidar de maneira inteligente com a viagem no tempo. Esse é um daqueles elementos complexos que podem estragar um roteiro, principalmente quando é idealizada para ficar em segundo plano, como nesse caso. O roteirista escolhe não exagerar ou inventar moda e acerta sempre que faz o simples.

Mesmo que alguns erros sejam percebidos, o poder cumpre seu dever e dá um toque inédito para algo que tinha tudo pra ser batido e clichê.

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O roteiro é balanceado, usando com cuidado o drama e os clichês frequentes do gênero. Mas nada disso é o foco do filme e talvez esse seja o motivo de eu ter gostado do filme. As brigas de casal, as reconciliações na chuva e os triângulos amorosos abrem espaço para um interessante drama familiar, que ganha um merecido foco no terceiro ato.

Terceiro ato este que tem os melhores diálogos do filme (sem desmerecer os diálogos sensacionais que marcam o restante do filme), tendo momentos surpreendentemente emocionantes e sensíveis voltados para o drama gerado em torno das consequências de se viajar no tempo.

É o ápice do filme. É onde é mostrada, de maneira sublime, a moral do filme, que diz que devemos viver a vida da melhor maneira possível para não ter que repeti-la.

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A direção de Richard Curtis é simples, mas acertada, criando cenas marcantes em vários momentos. A cena de transição na estação do metrô é sublime, assim como as cenas do casamento e o último encontro de Tim com seu pai.

Assim como no roteiro, Curtis opta por fazer cenas simples que cumprem sua função. A falta de ousadia é um defeito em muitos filmes, mas se mostra acertada nesse caso, já que o filme já tem elementos demais e poderia ficar confuso.

Entretanto, como em quase todo filme, a história se perderia se não fosse o elenco sensacional e coeso. O jovem – desconhecido para mim – Domhnall Glesson lida muito bem os dramas de seu personagem, se destacando nas cenas mais bonitas e sensíveis.

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A linda Rachel McAdams também trabalha muito bem com uma personagem interessante e simples. Como esta não exije grandes cenas da atriz, sua química com Gleeson acaba sendo um dos destaques do filme. É fácil torcer pelo amor dos dois. Tom Hollander e Margot Robbie têm participações pequenas, mas estão ótimos e roubam algumas cenas em que aparecem, principalmente o primeiro.

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O grande destaque do filme acaba ficando para o veterano Bill Nighy, que faz o pai de Tim. Em um personagem mais contido que o normal, Bill rouba todas as cenas em que aparece, tendo uma química sensacional com todo o elenco. Seu discurso no casamento e suas cenas no terceiro ato são espetaculares.

Um filme simples e bem conduzido que trata de assuntos interessantes e profundos de uma maneira leve e sensível. Pode não mudar o cinema, mas merece ser assistido. Abra sua mente e se deixe surpreender por esse ótimo romance.

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