Documentário “O Século da Fumaça”, fala sobre o vício do ópio em uma vila distante do sudeste asiático e como ele é essencial para a sobrevivência.
O silêncio é o princípio de todos os pensamentos. Talvez por isso Nicolas Graux, inicie “O Século da Fumaça” (Century of Smoke) assim. O documentário acompanha Laosan, jovem que fica o tempo inteiro fumando ópio na selva de Laos, país do sudeste asiático. Lá, ele e sua aldeia realizam o plantio da iguaria, sendo a única forma de sobreviver.
Entre o trabalho pesado, Laosan encontra momentos de riso e descontração, fumando o ópio (exaustivamente) ao mesmo tempo em que lamenta as condições precárias em que vive.
Focado na rotina da aldeia de Pigchang, O Século da Fumaça passeia por aquele lugar inóspito, cercado de jovens, velhos e crianças. É nítido que Laosan, seus familiares e amigos não escolheram aquela vida miserável.
Cada momento de riso precede o choro, seja ele de cansaço ou tristeza. A visão da maioria dos homens é afetada pelo patriarcado, refletido no foco das mulheres que só acontece próximo do fim. Os homens trabalham duro e fumam ópio. As mulheres trabalham duro, cuidam da casa e dos filhos.
A relação de Laosan e sua esposa é pouco explorada, e usada como base para as relações entre homens e mulheres da aldeia. Entre os costumes e as frustrações emocionais, encontra-se o ópio que cura a dor e os faz dormir profundamente. O diretor em nenhum momento opina ou interfere no relato, apenas mostra, como um espectador ávido e curioso, a forma que a droga afeta a vida do homem e de todos ao seu redor.
“O Século da Fumaça” não apenas documenta, mas apresenta um problema real da vida de Laosan, que parece não ter mais perspectiva. A exemplo dele, a esposa sofre em um relacionamento abusivo enquanto busca alternativas, sendo o suicídio uma delas. Lento propositalmente, a produção é letárgica como aqueles que vivem do vício.
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