O Século 20 | Canadenses pacíficos?

o século 20

“O Século 20” usa de um humor peculiar e do surrealismo para fazer uma crítica a governos autoritários


Durante muito tempo, o canadense foi zoado em obras audiovisuais por sua passividade. O fato do Cánada ser um país amigo de todos, sempre disposto a dar asilo político a várias pessoas do mundo, o torna motivo de piada, principalmente nos EUA. Mas há um lado, digamos, agressivo da história do país, que “O Século 20” está disposta a contar.

Toronto, 1899. O jovem aspirante a político Mackenzie King sonha em se tornar o primeiro-ministro do Canadá. Em sua jornada na busca pelo poder, ele enfrentará a mãe controladora, um governador-geral belicista e o idealismo utópico de um místico quebequense. King ainda se divide entre o amor de uma soldado britânica e uma enfermeira franco-canadense e, aos poucos, entrega-se a um fetiche obsessivo por calçados femininos.

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o século 20
Foto: Divulgação

O filme do estreante Matthew Rankin busca na estranheza, o seu conforto. Com cenários perfeitamente montados, “O Século 20” está disposto a criticar duramente aquela sociedade aparentemente perfeita, mas que no fundo é bastante bizarra.

Desde o início, o filme é uma sátira cercada de personagens fantasiosos e caricaturais. Dividido em capítulos, essa trama anárquica tem uma vibe meio Monty Python, provinda do humor de situação, arrancando risadas generosas deste que vos fala.

Esse clima teatral, é recheado de simbologias, ao mesmo tempo em que faz uma crítica a governos totalitários, colocando figuras de poder em situações ridículas. Filmado em 16 mm e Super 8, os espaços apertados sufocam o protagonista e o próprio espectador.

O Século 20 | Canadenses pacíficos? 3
Foto: Divulgação

Aliás, na parte final, “O Século 20” se aprofunda na saga de Mackenzie, vivido magistralmente por Dan Beirne, que atravessa uma road trip existencialista, esbarrando em perversões e conceitos oníricos, mas não leve a mal, existe sentido em tudo que é mostrado em tela.

Este mesmo sentido, é minimamente prejudicado pela confusão da “batalha final”, mudando algumas prioridades e ambições, se perdendo em suas próprias paixões, que poderiam deixar “O Século 20” mais palatável, obsceno e parodiado que a época atual.


Filme visto na 44ª Mostra de São Paulo. Saiba mais sobre o evento AQUI.

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