Último longa da primeira parte do Welcome To the Blumhouse, “Noturno” tem um clima sombrio e um potencial desperdiçado
Filmes que retratam a relação obsessiva, amorosa e conflituosa do artista com a arte, já viraram moda em Hollywood. “Cisne Negro”, “Whiplash”, “The Perfection”…essa busca incessante por ultrapassar os próprios limites, não é novidade, e “Noturno” se dá bem quando segue essa linha – podemos dizer – mais “segura”.
Quando tenta inovar e criar um universo propriamente seu, o terror do alter ego perde todo o potencial que tinha, mas antes vamos a história. Na trama, Juliet (Sydney Sweeney, de “Euphoria”) é uma jovem pianista. Assim como sua irmã Vivian (Madison Iseman, de “Annabelle 3″), tem como objetivo chegar na Juilliard School. Entretanto, sua irmã é mais talentosa e já tem o futuro garantido, deixando Juliet em uma situação difícil, criando um sentimento de ódio e rivalidade dentro dela.
Além disso, Vivian é mais extrovertida, tem um namorado talentoso e popular, e se dá melhor com os pais. Certo dia, Juliet encontra um caderno de partituras, que pertenceu a outra aluna que se suicidou recentemente. A medida que o tempo passa, Juliet se desenvolve como artista, mas também enfrenta um desejo obscuro pela perfeição, se tornando outra pessoa no processo.
“Noturno”, da estreante Zu Quirke começa bem, muito devido a apresentação dos personagens. Em poucas palavras, já é possível ler a personalidade das irmãs, dos pais, dos professores, enfim. Sydney Sweeney traz o peso de uma jovem introvertida e que almeja voos maiores, enquanto Madison Iseman tem o mundo aos seus pés.
Ambas seguram bem “Noturno”, pelo menos até o segundo terço do filme. Quirke se utiliza dos corredores da escola de música para criar um clima sombrio, por vezes claustrofóbico. A música aliás, tem um papel importante na construção da atmosfera, pois é usada nas transições e planos sufocantes, seguidos de longas sequencias que acompanham Juliet pelo local.
Uma pena que esse clima e sutileza sejam abandonados nos minutos seguintes, e Quirke decide utilizar-se de um visual piegas, apelando menos para a introspecção daquele mundo, e mais para a clareza de uma forte (e literal) luz.
Os conflitos com a arte e a dualidade do artista, são substituídos por dramas adolescentes e rivalidade feminina. “Noturno” parece querer falar dos males da busca da perfeição, falar de relações tóxicas, falar de livros amaldiçoados (“Death Note” é você?), mas acaba se saindo mal em tudo, por justamente querer ser tudo ao mesmo tempo.
Por vezes insano em seu visual, “Noturno” volta aos eixos em sua parte final. Final esse aberto a interpretações, mas condizente com as personas que estavam ao redor da saga de Juliet e sua luta contra o ostracismo, ou seria uma luta interna contra as próprias vontades?
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