Mente Perversa (Kopfplatzen): Entrando na mente de um pedófilo

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Mente Perversa entra na mente de um pedófilo, para entender o que leva uma pessoa aparentemente boa a ter desejos tão repulsivos


A cena inicial de “Mente Perversa” (Kopfplatzen) é uma cena de masturbação. O diretor Savas Ceviz quer incomodar o espectador desde já, deixando claro que a obra a qual lidaremos durante quase 100 minutos é bastante perturbadora.

Na trama, Markus é um bonito e bem sucedido arquiteto, mas tem atração sexual por crianças, mas precisamente meninos. Reconhecendo que tem uma doença, o pedófilo procura ajuda, mas é rejeitado. Com o passar do tempo, ele precisa controlar seu desejo, à medida em que se afasta da família e dos amigos.

KOPFPLATZEN by Savaş Ceviz has its online premiere | Hof International Film  Festival

Cercado de planos detalhe, que focam bastante nos rostos e nas respirações ofegantes, Mente Perversa em nenhum momento sexualiza as crianças ou romantiza as ações de Markus.

Com vários casos de abuso infantil sendo registrados de pessoas próximas, o filme só aumenta ainda mais o sentimento de paranoia do espectador e, em sua maioria, dos pais. Além disso, o pederasta vive uma vida aparentemente normal, se relacionando com mulheres e fazendo atividades físicas, com exceção é claro, da parte em que tira fotos de crianças para o seu acervo doentio.

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Ocupando a maior parte do tempo de tela, o protagonista busca entender o que se passa em sua mente e nas ações que ainda não tomou. Quando o ambiente a sua volta fica mais ameaçador e hostil, ele também se sente ameaçado. Max Riemelt (o Wolfgang de “Sense 8”) vai bem na maioria das cenas, até numa relação bizarra e metafórica com um lobo.

No entanto, quando é exigido no viés dramático, Mente Perversa perde um pouco a força. Ao mesmo tempo, a direção trabalha um certo olhar ambíguo para com o personagem, sendo possível condená-lo e gostar dele, na maioria das vezes.

“Mente Perversa” perde um pouco a mão em seus vários finais, se estendendo muito mais que o necessário. Apesar da ausência de um clímax, o filme apresenta uma ideia inovadora.

Já vimos produções do ponto de vista de um sequestrador, de um serial killer ou até mesmo um estuprador, mas é difícil encontrar obras que entrem assim na mente de alguém numa linha tão tênue entre a bondade e a repulsa.

*Filme visto na 43ª Mostra de São Paulo

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