Sensível e por vezes lembrando um comercial, “Mães de Verdade” é um bom dramalhão sobre o significado de ser mãe
É interessante notar que a diretora Naomi Kawase, ao mesmo tempo em que enche seu filme de belas imagens, também apresenta uma anti romantização da maternidade. A diretora é conhecida por trazer obras do cotidiano, sempre protagonizadas por mulheres, e em “Mães de Verdade”, não é diferente.
Acompanhamos Kiyokazu Kurihara (Arata Iura) e Satoko (Hiromi Nagasaku) um casal que, no desejo de ter um filho, adota um bebê. Seis anos depois, enquanto vivem um feliz casamento, eles recebem uma ligação de uma mulher chamada Hikari Katakura (Aju Makita), alegando ser a mãe biológica de Asato (Reo Sato), o filho adotado do casal. Além de querer seu filho de volta, Hikari ainda chantageia a família.
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Divulgação: Mostra de São Paulo
Ao longo de 140 minutos, Kawase nos apresenta com calma o lado “aparentemente certo” da história, e também o lado que julgamos errado de início. O mais interessante de “Mães de Verdade” é a paciência e sensibilidade, ao contar as duas histórias, até chegar ao conflito principal.
Todos os trâmites e burocracias que envolvem uma adoção, são revelados. Kawase escolhe contar uma trama calçada na realidade, quase documental (às vezes até sendo), utilizando-se de situações desconfortáveis, ao mesmo tempo em que apresenta lindas imagens do Japão.


Divulgação: Mostra de São Paulo
Esse estudo social e familiar, é baseado num romance de Mizuki Tsujimura, escrito em 2015, mas poderia se passar em qualquer época. “Mães de Verdade” fala de escolhas, mas também de renúncias, às vezes auto impostas pela sociedade, e por um mundo cada dia mais cruel. A naturalidade das atuações é algo que eleva a produção, pois é como se acompanhássemos aquela história pessoalmente.
O excesso de melodrama poderia ser menor, deixando o filme mais dinâmico, mas “Mães de Verdade” encontra sua recompensa no amor dos iguais e na humanidade de seus atos.
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