Depois do fim de Harry Potter e da saga Crepúsculo, a série de livros e filmes Jogos Vorazes é a atual queridinha dos jovens e adolescentes. A segunda parte da quadrilogia, Em Chamas (The Hunger Games – Catching Fire) mostrou o porquê desse sucesso estrondoso.
O filme mostra os acontecimentos posteriores à vitória de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Melark (Josh Hutcherson) no primeiro filme. A jogada de Katniss para ganhar os 74º Jogos Vorazes acaba levando um sentimento de revolta e liberdade para os distritos, sobretudo os mais pobres. Nesse contexto, o filme se desenrola com uma turnê do casal vitorioso por toda a Panem e com a derradeira 75º edição dos jogos, onde o casal de tributos escolhido será composto pelos antigos vencedores de cada distrito.
Esse segundo filme consegue mostrar Katniss como uma personagem realmente humana, cheia de dúvidas, acessos de raiva e atitudes impensadas. Jennifer Lawrence finalmente fez valer seu Oscar, me fazendo esquecer todas as críticas à atuação dela no primeiro filme. Ao contrário do livro, Peeta aparece discretamente no filme, e até ofuscado pela relação de Katniss com Gale (Liam Hemsworth). Essa foi, inclusive, uma escolha do diretor Francis Lawrence: focar o filme em um típico triângulo amoroso.
Graças ao sucesso do primeiro filme, o orçamento para Em Chamas foi praticamente dobrado, e o resultado foi excelente: seja pelos efeitos visuais melhores ou pela presença – sempre positiva – de Philip Seymour Hoffman como o novo organizador dos jogos.
A fotografia ajuda o diretor a contar sua história. Como no primeiro filme, os distritos se mostram sempre acinzentados e tristes, enquanto as cores vibrantes e quentes da Capital revelam a alegria e a ostentação de uma população extremamente fútil. A direção supera a anterior, e consegue prender a atenção em todo filme, inclusive no meio arrastado e lento do filme.
O filme é fiel ao livro. Fiel ao ponto de colocar diversas frases do livro, levando muitas fãs à histeria. Apesar dessa fidelidade a história e aos diálogos, um dos poucos erros do filme foi focar no triângulo Peeta-Katniss-Gale, e não na parte “política” do livro.
Esse “erro”, na verdade pode ser tomado como um acerto: o livro, e o próprio filme, tentam se vender como distopias “contemporâneas”, mas o triângulo Hollywoodiano tem um peso muito maior que a própria revolução. Vende mais. Dá mais audiência. Isso porque, infelizmente, adolescentes de 16 anos não estão preocupados com um sistema opressor, seja ele irreal ou não. Mas, felizmente, muitos percebem a crítica política do filme e também se frustram com a atenção dada a ela.
O final do filme pode ser um pouco confuso para os que não leram os livros ou não conhecem a história, pelo fato de ser uma parte intermediária da mesma. Mas ao contrário de outros “intermediários” que possuem uma narrativa um pouco independente da continuação, Em Chamas realmente precisa da terceira – e quarta – parte para fazer sentido.
Sim, o filme é bom e vale a pena ser assistido. Inclusive, essa série deveria receber um prêmio de maquiagem: conseguem deixar Elizabeth Banks feia. Não é algo fácil de se fazer…
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