Encalhados


244264_ptUma das coisas mais repetidas na faculdade de publicidade é que as pessoas que querem manter a criatividade em dia (seja para se sustentar ou para qualquer outra coisa) precisa de ter referências diversas e assistir coisas diferentes ou incomuns para você faz parte desse pacote. E quando estamos percorrendo nos deparamos com coisas surpreendentemente boas, coisas muito ruins e algumas coisas, como esse filme, que não fede nem cheira.

O filme conta a história de uma mulher que, na casa dos seus 30 anos, não cresceu e ficou meio que vivendo no passado, enquanto todos seus amigos vivem outras fases da vida. Depois que seu namorado propõe que eles se casem em Las Vegas, ela surta e acaba indo se esconder na casa de uma adolescente com quem fez amizade na noite anterior.

Eu falei sério quando disse que esse filme não fede nem cheira, porque, em todos os aspectos, ele não passa de algo mediano e básico. O roteiro, escrito pela estreante Andrea Seigel, é divertido e tem uns diálogos incomuns, mas não tenta fugir nem um pouco dos esquemas e clichês das comédias românticas. Ele até tenta desenvolver alguma coisa diferente, entretanto o óbvio está tudo ali e deixa o filme previsível e um pouco mais chato.

Só tem um aspecto do roteiro que pode ser considerado uma evolução e me agradou bastante. Todos os personagens e as situações tem um lado humanizado que eu não me lembro de ter visto ultimamente. Megan, por exemplo, sacaneia com ambos os homens com os quais se relaciona. Annika se sente mal por não se relacionar com a mãe, mas quando encontra essa não pensa duas vezes ao se aproveitar dessa pouca relação. O que quero dizer é que todos eles tem lados bons e maus, erram e se arrependem e etc… Isso acaba dando tridimensionalidade para os personagens, mesmo sem terem o desenvolvimento adequado.

A diretor Lynn Shelton tem um pouco mais de experiência e trabalhos no seu currículo, mas isso não significa muita coisa aqui. Seu trabalho é bem metódico e simples, sendo que também não passa de algo normal. No entanto, eu ainda senti um pequeno problema no desenvolvimento de alguns aspectos e isso pode ser um dos motivos da conclusão ser tão apertada. É bem parecido com aqueles finais de novela onde deixam muita coisa pra se resolver em pouco tempo.

O elenco é um pouquinho melhor, mas também não tem nada demais. Keira Knightley não é uma atriz excepcional e apenas se compromete a fazer o que o roteiro pede. Chloë Grace Moretz é uma boa atriz  que está cada vez mais bonita e madura, mas seu trabalho aqui se resume a ser um rostinho bonito. É um rostinho muito bonito, mas poderia ser algo a mais se Annika tivesse um desenvolvimento menos batido.

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Com relação aos principais papéis masculinos, posso dizer que gostei mais, apesar de saber que estes também estão atuando no mais completo e descarado piloto automático. Jeff Garlin e Sam Rockwell são ótimos atores que já fizeram muita coisa competente e versátil e que resumem a quase nada aqui. Ainda assim, fiquei feliz de ver os dois se divertindo, principalmente Rockwell que está muito debochado e divertido.

No fim das contas, Encalhados funciona como comédia romântica daquelas batidas para se ver em casal e etc… Mas fico triste em ver que o filme podia ser bem melhor se tivesse menos altos e baixos e um pouquinho mais de coragem para fugir dos clichês. De que adianta humanizar os personagens, te fazer gostar de todos, te atrapalhar na hora de torcer por algum deles, se no fim tudo vai ser exatamente igual aos outros filmes desse gênero. Não é a pior coisa do mundo, mas…


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