Blue Jasmine: Crítica do filme

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Uma protagonista neurótica, uma paisagem filmada de maneira sublime, diálogos sensacionais e um humor peculiar. Um filme com essas características só poderia ser de Woody Allen. Blue Jasmine traz de volta o Woody que se consagrou no cinema.

O novo filme do diretor nova-iorquino segue Jasmine, uma mulher de alta sociedade que se muda para San Francisco para tentar reconstruir sua vida após perder tudo com a prisão do seu marido.

Woody raramente errou em toda sua carreira cinematográfica, mas depois do péssimo “Para Roma, com Amor”, ele precisava de um filme que trouxesse de volta o velho Woody Allen. Blue Jasmine é um filme com todos os aspectos que remetem ao cinema marcante de Woody, mas tem um diferencial. Este talvez seja o filme mais pesado e dramático do diretor.

O humor sutil e diferente de Allen está presente no filme, mas Blue Jasmine não tem, em nenhum momento, a intenção de fazer o espectador rir. Rimos porque estamos em um filme de Woody Allen.

A história ser diferente não quer dizer que Woody mudou seu estilo ou perdeu a sua veia humorística. Pelo contrário, o roteiro – que é livremente baseado no filme Um Bonde chamado Desejo, de Elia Kazan – é construído com um esmero excepcional, que comprova a toda a qualidade e multidisciplinaridade de Woody.

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O equilíbrio repassado pela mistura temporal é espetacular. Sabemos que algo não foi contado e vamos descobrindo toda a história aos poucos. Os personagens, as reviravoltas e as emoções são desenvolvidos com naturalidade e equilíbrio. Tudo isso aflora o drama da personagem principal, que é o ponto alto do filme.

Woody só pode ter escrito o papel principal tendo em mente que Cate Blanchett aceitaria estrelar seu filme. O papel é de Cate e o filme é de Cate. Não tenho nem como comentar essa atuação que já tem o Oscar 2014 garantido. Não existe uma cena sequer onde Cate não esteja sublime e irreparável.

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Obviamente, o Woody diretor dá o devido destaque à Cate. A técnica apurada do diretor é focada em muitos close-ups em Blanchett, para que nenhum momento dessa brilhante atuação passasse despercebido.

O restante da direção tem a qualidade natural dos filmes de Woody. Temos travellings, planos-sequência e câmeras fixas. Sempre acompanhados de uma fotografia espetacular, uma edição sem rebarbas e uma trilha sonora sensacional.

O elenco coadjuvante também está muito bem, principalmente Sally Hawkins, Alec Baldwin e Bobby Cannavale. Inclusive, Sally garantiu uma indicação ao Oscar com sua interpretação sensacional da irmã, quase oposta, de Jasmine.

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Um roteiro afiado (os diálogos são espertos e deliciosos), uma direção brilhante,que cria um belíssimo drama contemporâneo, e atuações espetaculares marcam o novo filme de Woody Allen. Um filme para nos fazer esquecer de algumas pérolas do diretor e lembrar que Woody sempre será Woody.

OBS 1: Talvez a única cena realmente voltada para o humor é a abertura do filme. O diálogo entre Jasmine e a senhora do avião e o seu final tem a cara e a marca do humor irônico de Woody.

por Flávio

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