Bárbara Paz passeia pela carreira de Hector Babenco de forma íntima, feroz e frágil
A grande surpresa do vencedor do Festival de Veneza em 2019, e escolhido para representar o Brasil no Oscar 2021 está em sua vivacidade. O modo como Bárbara Paz fala de seu marido e parceiro de vida, ultrapassa os pastiches do endeusamento e do dramalhão. É como se ela falasse através dele, por ele, para ele, mas com uma linguagem própria.
“Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, apresenta um cineasta que viveu e morreu realizando o que fazia sua vida ter algum sentido: A sétima arte. Em relatos marcantes sobre as memórias, amores, reflexões, intelectualidade e a frágil condição de saúde do artista, o documentário revela o quanto seu amor pelo cinema o manteve vivo por tantos anos.
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Foto: Divulgação
Desde a descoberta do seu câncer aos 38 anos, e sua morte aos 70, em 2016, Bárbara passeia pela vida e obra de um grande homem, focada em três grandes pilares: a intimidade, o olhar do artista e seus filmes. A primeira vertente está na simples cena em que Babenco pede que Bárbara o enquadre, e explica o que é dentro e fora do quadro – algo aparentemente simples – mas que transmite seu amor ao cinema.
No segundo, nos bastidores de “Carandiru”, Babenco pede que as pessoas façam silêncio, enquanto explica a condução de uma cena ao ator. Esse compromisso e foco, estão no olhar do artista, e na forma como ele se relaciona com a arte. Por último, não menos importante, os seus filmes.
É interessante notar o entusiasmo de seus mais famosos longas, desde “Pixote: A Lei do Mais Forte”, ou o premiado “O Beijo da Mulher-Aranha”, e como isso se contrasta com sua fragilidade próximo da morte. É como se Bárbara unisse as imagens pulsantes das produções de Babenco, com seu momento atual, que mesmo próximo do fim, continua um homem apaixonado pelo que faz.


Foto: Divulgação
Para uni-las, ela escolhe o preto e branco, que sinceramente não tem nenhum diferencial narrativamente falando, mas é como se a diretora quisesse dizer que mesmo vulnerável, Hector Babenco ainda vive.
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