Título brasileiro de “A Maldição da Freira” quer pegar carona no sucesso de “A Freira”, mas acaba sendo mais do mesmo num sub-gênero cansativo
Gosto de dizer que o terror é o gênero mais difícil de se reinventar. Basicamente tudo que vemos atualmente já foi realizado antes e isso necessariamente não é ruim — pois (boas) referências estão aí para serem seguidas. Não à toa muitos filmes de terror tem investido em lendas antigas, conflitos internos e questões sociais em busca de trazer mais do que aquilo que é feito de forma demasiada. Em “A Maldição da Freira” (cujo título nacional quis pegar carona no hype de “A Freira“), levanta a discussão se um dos maiores sub-gêneros, que foi difundido em “A Bruxa de Blair” já teria se esgotado.
Padre Thomas (Lalor Roddy) e seu pupilo John (Ciaran Flynn) são enviados pelo Vaticano até um convento que abriga mulheres que foram marginalizadas pela sociedade (distúrbios mentais, deficientes e mães solteiras) para investigar possíveis milagres ou maus tratos nas pacientes daquele lugar. Se espera no mínimo que o filme trabalhe os conflitos éticos e sociais da instituição, mas ao invés disso somos inseridos nos clássicos clichês de filmes com possessão demoníaca:
O padre cético que tem um passado sombrio, contrapondo o padre que vê coisas. A madre superiora (Helena Bereen) que mais parece uma vilã cada vez que aparece, assim como camas voando, objetos sendo arremessados e cortes de câmera confusos e escuros. Nunca sendo explícito, “A Maldição da Freira“ peca também na omissão em um filme que depende exclusivamente do visual, pois a atmosfera construída com o texto é bem fraca. Os excessivos jumpscares, potencializados com o som, só evidenciam os problemas de direção da estreante irlandesa Aislinn Clarke.
Toda a discussão sobre o real papel da igreja na sociedade é logo abandonada por sustos fáceis e não há qualquer tensão na tentativa de ocultar eventos crucias da narrativa. A renovação estética ironicamente trazida por o filme se passar muito antes dos recursos tecnológicos, chega a inovar em certos momentos, porém não dura os pouco mais de 75 minutos — que não aprofundam nenhum dos assuntos abordados, tornando este terror mais ou até pior do que o mesmo.