007 Contra Spectre

422985

Eu não sou o maior fã de 007 e também não sou o maior defensor dessa fase mais séria do personagem, mas tenho que admitir que a ótima qualidade de Skyfall me deixou ansioso pela sua continuação. Tudo melhorou quando garantiram a mesma equipe, o diretor também decidiu continuar e o elenco foi anunciando grandes nomes, mas, apesar disso tudo, esse filme não deu muito certo e acabou sendo mais fraco do que seu antecessor.

O longa chega com o objetivo claro de fechar o arco comandado por Daniel Craig e para isso decide fazer sua versão de uma das histórias mais clássicas do espião. Nesse caso, Bond está em uma caça solitária para realizar um dos últimos desejos de M (Judi Dench) e acaba esbarrando com a organização que, além de dar nome ao filme, é a responsável por tudo o que aconteceu nos três filmes anteriores.

007 Contra Spectre 3

Eu realmente achei que essa premissa poderia ser interessante, mas o roteiro de John Logan, Neal Purvis, Robert Wade e Jez Butterworth é simplesmente fraco. A história até começa bem, mas o desenrolar dos acontecimentos não convencem e acabam ficando completamente perdidos em um texto recheado de clichês, diálogos ruins, coincidências e mudanças de opiniões que não condizem com o que os personagens (vulgo 007) fariam.

E, na minha opinião, o que causa boa parte desses problemas foi justamente a premissa de concluir esse arco na figura de uma organização que controlaria tudo. A questão é que tudo isso ainda se misturou com questões pessoais, vinganças individuais e uma motivação extremamente fraca, fazendo com que tudo soasse extremamente forçado. E no fim das contas, eu não consegui comprar o discurso fraco de um vilão que merecia mais peso (afinal, ele era a cabeça por trás de TUDO) e fiquei com entalado com uma conclusão completamente previsível.

007 Contra Spectre 4

A única coisa boa que eles consegue fazer é entregar esse filme nas mãos da nostalgia como nenhum outro dessa safra mais séria tinha feito. É verdade que não foi dessa vez que o filme entregou aqueles vilões completamente caricatos, mas o roteiro sabe usar seus momentos de alívio cômico e ainda faz a alegria dos fãs com muitas referências a todos os filmes já feitos, incluindo gadgets no carro e alguns traços marcantes de vilões clássicos.

E isso só não funciona mais porque a direção de Sam Mendes insiste em tentar dar ao filme um clima mais pesado e sombrio do que ele precisava ter nesse momento específico. Considerando que ele já dirigiu longas muito mais interessante, como Beleza Americana, esse é um trabalho um pouco preguiçoso e automático que resulta em um filme que não tem ritmo nenhum e poderia ser um pouco menor para ficar menos arrastado.

007 Contra Spectre 5

Entretanto, isso não quer dizer que o seu trabalho é ruim. Na verdade, ele ainda consegue traduzir muito bem a essência desse Bond mais físico e bruto sem perder alguns aspectos mais artísticos que funcionaram no longa anterior e já são marcantes na sua filmografia. Inclusive, a união desses aspectos com um trabalho perfeito de fotografia e direção de arte é a melhor parte do filme e ainda resulta em uma cena de abertura feita em plano-sequência que é de encher os olhos de qualquer um.

 

Esse era um bom caminho para anular os problemas de roteiro, mas o elenco acaba não colaborando quando ficam baicamente divididos entre aqueles que não queriam estar ali, aqueles que sofrem para tentar dar algum rumo para o seu personagem mesmo sem a ajuda de um bom texto e aqueles que são simplesmente desperdiçados. Logicamente, o primeiro grupo é comandado pelo protagonista Daniel Craig, que deu várias entrevistas falando (de forma mais ríspida) que não queriam mais interpretar o personagem e faz questão de estampar isso na cara durante boa parte do longa.

007 Contra Spectre 6

Por conta disso, os coadjuvantes ficam com boa parte do destaque, já que atores como Ben Wishaw, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Naomie Harris e Dave Bautista tentam dar alguma profundidade aos seus personagens ou, no caso do último, fazer o que faz de melhor. Entretanto, ao mesmo tempo, ainda temos um grupo relativamente grande de bons atores, incluindo Monica Belucci, Rory Kinnear e Andrew Scott (o Moriarty da BBC), que são jogados fora sem nenhuma preocupação pelo roteiro.

Além disso, ainda temos o vilão, que é interpretado pelo glorioso Christoph Waltz. E eu só deixei ele por último porque percebi que ele tem um pouco dessas três categorias: o roteiro atrapalha muito sem crescimento na trama, a má-vontade do ator faz com que ele simplesmente repita a sua interpretação em Bastardos Inglórios e isso tudo faz com que ele seja desperdiçado e nem sua bela mudança facial seja eficiente para convencer o público.

007 Contra Spectre 7

Por conta de vários problemas assim, 007 Contra Spectre termina como um filme que não funciona e acaba sendo uma decepção depois do ótimo Skyfall. Apesar disso e dos problemas de roteiro e ritmo, preciso dizer que o filme não é totalmente descartável, já que funciona muito bem para os fãs mais enlouquecidos, consegue ser uma boa diversão para qualquer um e, principalmente, não é (e nunca será) pior do que o horroroso Quantum of Solace.

OBS 1: Não falei no meio da crítica, mas a abertura é muito boa e a música Writing’s on the Wall, cantada pelo britânco Sam Smith, também funciona muito bem dentro da história.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Previous Post
Flash

Flash – Seguindo em Frente

Next Post
Batman Noel

Batman Noel

Related Posts