Documentário do Curdistão, “Blue Girl” fala sobre o amor de um país pelo futebol, de uma forma encenada e quase ficcional
Imagine um mundo sem o futebol. Na verdade, nem precisamos imaginar. Estamos há mais de 1 mês sem conferir jogos inéditos em várias partes do mundo, e a vida sem esse esporte maravilhoso parece ser mais dolorida. “Blue Girl” fala do amor ao futebol, vindo de um país distante ,que muita gente nem sabe que existe: o Curdistão.
Desprezados pelas regiões vizinhas, eles vivem em montanhas, e o amor ao esporte é praticamente um símbolo de rebeldia, já que não possuem uma área plana para praticar. Una essa dificuldade ao fato das meninas não poderem se envolver ativamente ou mesmo brincar com a bola. A paixão tem como ponto de partida uma garota (a “blue girl” do título, referência a seleção italiana), apesar dela quase não aparecer em cena.
O documentário de Keivan Majidi tem um estilo parecido com o indicado ao Oscar, “Honeyland”, mas não chega aos pés do documentário macedônio. Isso porque Blue Girl não é nada natural, seja nos diálogos e ações dos personagens, fazendo tudo parecer encenado. A história por detrás do filme, parece muito maior do que o relato.
É bonito ver a relação dos mais velhos com o futebol e como isso é passado de geração a geração. Os longos planos também auxiliam na ambientação e tem até uma homenagem ao Brasil, que como todos sabem, é o país do futebol. Mas s produção perde o seu foco. Personagens demais são retratados, não criando uma narrativa coesa e minimamente competente.
De certa forma, a realidade retratada se assemelha as áreas mais carentes do Brasil, onde meninos e meninas colocam seus chinelos na rua e brincam de “golzinho”. Infelizmente, a maioria das situações são muito forçadas, não dando muito espaço para a verdadeira paixão dos pequenos. A Copa do Mundo da Rússia em 2018 é a inspiração e o pano de fundo dessa história.
Quando a menina Hanna começa a narrar, as imagens se perdem, porque suas falas são óbvias e só confirmam aquilo que já estamos vendo. A artificialidade dos retratados deixa o filme com cara de ficção. Se não soubesse que era um documentário antes de ver, diria que estamos diante de uma dramédia sentimentalista.
Mesmo com todos os problemas, Blue Girl é um documentário sobre sonhos e como o mundo globalizado forma a cabeça de crianças que sonham com a ‘Bola de Ouro’. É um estudo sobre liberdade social, que mesmo não ganhando um filme a altura, ganha torcedores, por mais que a seleção curda (ainda), não exista.
Filme visto no 7º Festival de Cinema Internacional de Brasília, que estava online e gratuito, entre os dias 21 e 26 de abril.
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