Primeiro filme visto por nós no BIFF 2020, “Até Que Você Me Ame” é um estudo sobre traumas irreversíveis
Traumas, sejam eles de infância ou adquiridos durante a vida, são coisas difíceis de superar. Muitas pessoas tentam “consertar” essas dores com terapia, hipnose e até regressão, voltando ao momento em que foram subjugadas, passando por aquela experiência novamente. Em “Até Que Você Me Ame”, um desses traumas desencadeia tudo.
É até difícil falar deste filme sem dar nenhum spoiler, mas a historia chama nossa atenção de imediato ao falar de Ruby, uma garota que acorda presa em um porão com as pernas quebradas, e que não consegue se lembrar quem é e como chegou lá. Sua única interação é com seu sequestrador, um homem que diz que ela só sairá de lá até se apaixonar por ele. Mesmo assim, Ruby deseja escapar.
Com 99,9% da produção contando apenas com 2 atores, o filme do estreante Edward A. Palmer consegue construir uma tensão digna de um grande thriller. Com a protagonista vivida por Ingvild Deila tendo vários sonhos e gatilhos relembrando o passado esquecido, “Até Que Você Me Ame” constrói uma narrativa repleta de pistas, e cabe ao espectador juntá-las.
Pelo menos até o último terço do filme. Não vou estragar as surpresas que se desenrolam em poucos mais de 70 minutos, mas o fato do sequestrador Tom, personagem de Stuart Mortimer, explicar a trama a cada 5 minutos, faz com que o enredo perca força. De um thriller recheado de mistérios, “Até Que Você Me Ame” se torna um filme piegas e revelador demais em sua última parte.
Apesar da ótima fotografia e da direção cuidadosa, o roteiro acaba se apressando, deixando o clima de sugestão se perder. Um desastre total acaba não acontecendo, graças a boa atuação e entrega da dupla, que possui uma química absurda, fazendo deste suspense não convencional, um estudo de traumas, que muitas vezes são irreversíveis.
Filme visto no 7º Festival de Cinema Internacional de Brasília, que está online e gratuito.
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