Batidão Tropical | Pabllo Vittar é a sucessora natural de Mylla Carvalho

batidão tropical

Título: Batidão Tropical
Artista: Pabllo Vittar
PaísBrasil
Lançamento: 24 de junho de 2021
Gravadora: Sonic Music Brasil
Número de faixas: 9
Duração: 23min05seg

Paraense e filho de uma paraense com um cearense, vivendo quase 20 anos em ambos os estados. Definitivamente sou suspeito para falar do novo álbum de Pabllo Vittar, que celebra o forró, o tecnobrega e porque não, a junção desses dois. A artista – que viveu no Pará e no Maranhão – sabe muito bem mesclar suas origens em seu 4º álbum de estúdio.

Após Vai Passar Mal (2017), Não Para Não (2018) e 111 (2020), Pabllo parece se desprender quase que totalmente do pop, entregando-se as sus fontes de referência, desde Companhia do Calypso, Calcinha Preta, Magníficos, e bandas menos conhecidas no imaginário popular.

Parece que em Batidão Tropical, Pabllo perde a vergonha que nunca teve (já que sempre brincava com essa mistura de ritmos). Ela poderia muito bem fazer um cd pop e alegre para o momento em que vivemos, mas resolve ir além. Apresenta 3 faixas inéditas e 6 regravações de músicas que ficaram marcadas em nossas vidas, principalmente ao povo do Norte e Nordeste.

+++ Leia nosso texto sobre o disco anterior de Pabllo Vittar: 111

 

Além de fazer música de qualidade, trata-se de uma apresentação cultural. Um cartão de visitas para os mais novos, que ainda não conhecem o poder da música brasileira em sua totalidade.

Faixa a faixa de Batidão Tropical

A faixa que abre o disco é “Ama, Sofre e Chora”, o primeiro single que foi lançado em maio deste ano. A música ganhou certificado de ouro e já acumula mais de 15 milhões de views no clipe. A canção é a única balada do disco, que segue uma linha animada em sua maior parte, e lembra muito as sofrências de forró lançadas pela banda Calcinha Preta (até mesmo antes da palavra sofrência ganhar destaque).

Para encerrar a narrativa da primeira canção – em que Pabllo é abandonada no altar – “Tesão com T” já deixa as coisas mais agitadas, e lembra demais Mastruz com Leite em seu auge. O refrão é chiclete e conta com a voz de um ainda desconhecido para mim e para a maioria do público, provavelmente algum dos meninos da Brabo Music, produtora que está com Pabllo desde o início da carreira.

“A Lua” é a ópera da cantora. Segundo a própria, a música lembra demais a época em que ouvia Aviões do Forró, e quem já foi a um show da banda sabe de sua magnitude. Composição dela e de Alice Caymmi (de “Problema Seu”), estou particularmente ansioso para ouvi-la ao vivo nos bloquinhos da vida (vírus maldito!).

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Foto: Divulgação

Encerrando-se as inéditas, começamos as ótimas regravações – mas ao começar a ouvir “Ânsia” – não tinha me tocado que estávamos diante do sucesso de Mylla Carvalho na Companhia do Calypso. Imortalizada na voz da cantora (agora gospel), a canção cai como uma luva na voz de Vittar, mostrando ser a sucessora natural de Mylla. Já estou sedento pela performance igual a de Mylla em Recife lá em 2004, o puro suco do tecnomelody.

Em “Apaixonada”, Vittar moderniza a música da Banda Batidão (que já era moderna quando foi lançada lá em 2009). O uso de sintetizadores e letra fácil vai conquistar a galera mais nova, que não conhecia esse clássico. A mais futurista do disco é “Ultra Som”, música da Banda Ravelly de 2013.

Já no início Pabllo diz seu nome ao invés de Paula (coincidentemente fica sonoramente ótimo). Dançante, é difícil ficar parado ao ouvir essa versão.

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Pabllo Vittar (Foto: Ernna Cost)

Em “Zap Zum” a artista homenageia Mylla mais uma vez, numa das músicas mais empolgantes da Companhia do Calypso. Segundo a cantora, a canção lembra sua infância, quando desejava ser como Mylla.

“Não é Papel de Homem” teve gravações da Companhia, da Banda Vendaval e outras, mas a versão de Pabllo é a da banda recifense Kassikó. Segundo a artista, ela se interessou em regravá-la pela performance da banda no DVD gravado em Palmas-TO lá em 2005 – e ao ver o vídeo – é compreensível notar o amor pelo som. Assista aqui.

Batidão Tropical se encerra com “Bang Bang”, clássico da Companhia do Calypso. Pabllo afirma que dançava a música em seu quarto, e mesmo sem saber, a banda foi importante para vários LGBT+ do norte e nordeste na época. A performance de Mylla em Goiânia lá em 2005, é a prova da força dessa música. Assista aqui.

Sem feats e segurando o novo trabalho sozinha nos vocais, Pabllo Vittar mostra que é uma artista completa, e está longe de ser apenas mais um nome do pop nacional. Que venha o já prometido Volume 2, e que tenha “Tchic Bum” nele.


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