Mais uma série documental surtada da Netflix, “A Máfia dos Tigres” nos deixa incrédulos a cada reviravolta
“Não há nada ruim que não possa piorar”. O ditado conhecido e convenientemente aplicado nos tempos atuais de quarentena, traduz perfeitamente “A Máfia dos Tigres”, nova série documental da Netflix. Nela acompanhamos a rixa entre os criadores de tigres Joseph Passage, o Joe Exotic e a administradora de um santuário para grandes felinos Caroline Baskin.
A sinopse é simplória demais para traduzir tudo que acontece ao longo dos 7 episódios (com 1 bônus recentemente disponível). É um show de bizarrices e reviravoltas comandadas por Rebecca Chaiklin e Eric Goode, que inicialmente iriam apenas gravar um documentário sobre criadores de grandes felinos, mas acabaram se envolvendo em uma trama criminal.
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Seguindo essa pegada, a série se assemelha bastante ao recente “Don’t F*ck With Cats”, um documentário que começa despretensioso, mas que vai ganhando desdobramentos cada vez mais impressionantes. Rick Kirkham, produtor de um reality show sobre a vida Joe Exotic (que estava sendo gravado ao mesmo tempo) disse: “Foi engraçado quando começaram, mas ficou muito sombrio”.
“Um comédia maluca entre donos de animais exóticos”, é assim que um dos vários entrevistados, sejam eles funcionários, criadores, produtores e empresários, define toda a situação. Aliás, o porquê das pessoas que estão tanto ao lado de Caroline quanto ao lado de Joe estarem fazendo isso, é algo que levanta questionamentos.
Não existe outra alternativa? Essas pessoas de fato amam esses animais? É inviável torcer para alguém. Não existem mocinhos e vilões. Na verdade, todos são vilões em uma guerra onde o pano de fundo são os animais em cativeiro. A inclusão de mais donos de parques como Bhagavan Antle e Jeff Lowe expandem a trama, tornando a tarefa de se desligar da tela praticamente impossível.
Apesar das várias tramas e personagens, todas se ligam a Joe Exotic em “A Máfia dos Tigres”. Ele é a estrela, desde sua relação com os tigres, passando por um casamento homoafetivo e não-monogâmico, sua vergonhosa carreira na música country (sendo dublado pelas vozes de Vince Johnson e Danny Clinton), culminando na sua carreira fracassada na política.
De certa maneira, “A Máfia dos Tigres” mostra o lado mais podre dos EUA, do capitalismo e do próprio ser humano, capaz de tudo para provar o seu ponto. Se Joe Exotic é um louco, Carol abusa do poder e quer os animais dele. Já Bhagavan quer ver o circo pegar fogo enquanto sai de fininho e Jeff deseja roubar todos eles. É um circo de horrores, onde os tigres são as vítimas.
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