A Incrível Eleanor marca a estreia da atriz Scarlett Johansson na direção. O filme fez sua estreia no Un Certain Regard, no festival de Cannes desse ano.
A história de A Incrível Eleanor
Eleanor Morgenstein, de 94 anos, tenta reconstruir sua vida após perder sua melhor amiga e única companheira. Como resultado, ela se muda de volta para cidade de Nova York para morar com sua filha e seu neto, com quem não consegue se conectar. Sozinha, ela tomará medidas drásticas, na tentativa de fazer novas amizades.

O que achamos do filme
Nos seus primeiros minutos, A Incrível Eleanor parece ser uma comédia despretensiosa que por vezes toca em temas sensíveis com doses de bom humor ácido, algo não revolucionário, mas inofensivo. E quem dera fosse isso mesmo. Depois da primeira virada de chave do filme, ele assume um tom mais dramático com resquícios de humor, que raramente funcionam, com exceção de uma piada ou outra.
Muito do que de fato funciona é graças aos esforços desmedidos de June Squibb, que tenta a todo custo salvar o filme de ser um grande desastre anunciado. Mas com o péssimo timing cômico da direção/edição, a atriz acaba ficando limitada, seu talento e carisma são totalmente desperdiçados em um projeto sem muito foco, nem alma.
Johanson quer contar uma história simples, mas não parece ter nada a dizer, e sem tem, não consegue transmitir. Se fosse o caso de uma direção inexperiente e crua, mas promissora – como no caso de Dickinson em Urchin – ao menos seria possível tirar algo de proveitoso. Contudo, trata-se de uma direção perdida mesmo, sem vontade e preguiçosa.
Os enquadramentos são ruins, os posicionamentos de câmera durante os diálogos são tão amadores que poderiam ter sido registros feitos por qualquer pessoa que tivesse uma câmera. Sem conseguir transmitir nada com imagens – fracas e mal compostas – Johanson apela para uma trilha desesperada e diálogos cafonas, na tentativa de extrair uma lágrima forçada do espectador para fingir que seu filme tocou alguém.

O momento da grande revelação é feito de uma forma tão canastrona e novelesca – no mal sentido, porque não casa em nada com o restante da obra – que o único impacto causado é o de indignação com uma cena tão mal executada. Primeiro alguém descobre algo através de uma matéria na internet – de uma forma um pouco clichê, mas aceitável – porém logo em seguida uma personagem entra gritando expositivamente para desmascarar alguém.
A falta de timing é tamanha que tudo parece jogado, nem mesmo um improviso ficaria tão ruim. O grande clímax do filme acaba sem humor, sem drama, sem alma, só muita verborragia desnecessária para contar algo que o público já sabia e os personagens estavam prestes a descobrir.
O desfecho é inofensivo e previsivelmente hollywoodiano, as atrizes são boas o suficiente para deixar o momento minimamente bonitinho, apesar do texto pueril. A química entre a dupla de protagonistas acaba sendo tão genuína que quase salva o fiasco da direção de Johansson, já que é inevitável torcer por aquelas mulheres.
A Incrível Eleanor foi visto na 49ª Mostra de São Paulo, que acontece dos dias 16 a 30 de outubro de 2025.

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