Os Rejeitados – Crítica | Aprendendo a seguir em frente

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Foto: Divulgação Universal Pictures

Alexander Payne emula um cinema clássico no melancólico e otimista “Os Rejeitados”


Esqueceram de Mim talvez seja o filme de Natal preferido de muita gente. Isso porque, conta a história de um garoto que foi esquecido pela família em plena véspera de uma das festas mais familiares do mundo. O sucesso se dá não só pela qualidade do filme de Chris Columbus, mas pela identificação. O espectador se imagina na situação angustiante de Kevin (Macaulay Culkin), que além de sozinho, ainda tem a casa invandida por bandidos.

Essa mesma sensação também se encontra em Os Rejeitados (The Holdovers, no original) filme que venceu dois globos de ouro neste fim de semana, um para melhor ator de filme comédia e musical para Paul Giamatti, e outro de melhor atriz coadjuvante para Da’Vine Joy Randolph.

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Foto: Divulgação Universal Pictures

Qual a história de Os Rejeitados?

Na data mais esperada do fim do ano, os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar suas férias com as famílias e amigos. No entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham (Giamatti), um professor altamente desgostoso com o corpo docente, sempre fica para trás e contra a sua vontade, é o responsável por cuidar dos estudantes que precisam ficar no colégio no feriado.

Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus (Dominic Sessa), um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda de Mary (Randolph), a cozinheira-chefe da escola.

O que achamos do filme?

Quando afirmamos que o longa emula um cinema clássico, ele faz isso não apenas na simplicidade com que a história é contada, mas também em seus aspectos técnicos. Payne utiliza muitos planos abertos para evidenciar o isolamento dos personagens, ao mesmo tempo em que abusa dos closes para gerar certo estranhamento e estranheza. Ass propões transições da obra são leves, como se Paul, Angus e Mary quisessem apenas ficar em paz, mas paz nao quer dizer inércia.

Sendo assim, nossos aventureiros passam por várias dilemas em poucos mais de duas horas de projeção, onde precisam lidar com traumas do passado e do presente, conflitos, conversas desconfortáveis, solidão e mais do que isso, precisam se abrir para a possibilidade de mudança, coisas que o roteiro de David Hemingson enquandra perfeitamente bem.

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Foto: Divulgação Universal Pictures

A todo momento, o trio parece descontar suas frustações no outro, mas a obra lembra que há espaço para a gentileza. É cheia de esperança e amor mesmo se passando nos anos 70, e esbarrando numa época onde a tristeza pela Guerra do Vietnã, a ascensão de serial killers, recessão e fase política bizarra, ameaçavam a tranquilidade dos estadunidenses, algo refletido no colégio burguês e seus privilégios, que parecem distantes do mundo real. Para fazer esse contraponto e quebras, Payne utiliza de um humor ácido e por vezes autoconsciente.

Mesmo gigante, Os Rejeitados é uma produção íntima, sensível, aconchegante, e merece o título de filme conforto.


Os Rejeitados está em cartaz nos cinemas brasileiros

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