Tempos de Barbárie: Ato 1 – Terapia da Vingança – Crítica | Justiça é cega

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Foto: Divulgação Paris Filmes

Marcos Bernstein mistura clássicos de vingança com os perigos do Brasil atual em “Tempos de Barbárie: Ato 1 – Terapia da Vingança”


Desejo de Matar, A Justiceira, o Justiceiro dos quadrinhos da Marvel, são vários os produtos que abordam a vingança no imaginário popular, mas bem poucos estão atrelados ao cinema brasileiro. Talvez, o fator determinante, seja a dificuldade de fazer filmes de gênero no Brasil – já que somos um dos principais consumidores de filmes de vingança – mas aqueles que tem a maior quantidade de síndrome de vira-lata com nossas produções.

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Qual o enredo de Tempos de Barbárie: Ato 1 – Terapia da Vingança?

Em Tempos de Barbárie – Ato I: Terapia da Vingança, acompanhamos uma mãe, a advogada Carla (Cláudia Abreu), que vê a filha ser baleada e ficar em estado grave, após uma tentativa de assalto. Sem respostas, Carla tenta seguir a vida buscando ajuda em grupos de apoio.
Sem conseguir aceitar o destino da filha e a falta de soluções por parte da polícia, transforma a busca por justiça em uma procura por vingança. No balanço entre a vida e a morte a qualquer minuto, Carla decide fazer a justiça com as próprias mãos e testar o seus próprios limites. Até onde ela será capaz de ir?

O que achamos do filme?

Marcos Bernstein (roteirista de Central do Brasil e diretor de Meu Pé de Laranja Lima) começa seu filme de forma estilizada, misturando passado e presente para dar um senso de medo, paranoia e desorientação a sua protagonista, e por conseguinte ao espectador. A históra de Carla tem semelhanças com a de vários “anti-heróis” de séries e filmes como Don Draper de Mad Men e Walter White de Breaking Bad, pois a medida que o tempo avança a personagem perde sua inocência, que dá lugar a revolta.

Sua relação com a terapeuta Natalia (vivida por Júlia Lemmertz) é recheada de debates sobre as diferenças entre justiça e vingança, e questionamentos sobre de quem seria a culpa do atos de violência: é de quem atirou, de quem vendeu a arma, ou de quem fabricou? Uma pena que essas perguntas saem da boca de personagens caricatos, como se o roteiro de Berstein, Victor Atherino e Paulo Dimantas não ligasse para os outros personagens de sua obra.

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Foto: Divulgação Paris Filmes

A direção parece imatura às vezes querendo usar inúmeras técnicas de uma só vez, com destaque para a boa fotografia de Gustavo Hadba – que navega pelos submundos do crime e pela rede intríseca de privilégios – mostrando que o problema é muito mais embaixo. Berstein se sai bem quando trabalha o drama e até mesmo um humor mórbido que parece proposital, mas a ação e o suspense são falhos.

O uso da escuridão e as questões éticas envolvidas são outros pontos a favor de Tempos de Bárbarie, que encontra força em sua protagonista, por mais que um final irregular tente estragar tudo que foi construído nesse Ato 1, que promete continuações que podem ou não acontecer.


Tempos de Bárbarie: Ato 1 – Terapia da Vingança chega aos cinemas no dia 17 de agosto

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