Infelizmente, “O Exorcista do Papa” é um filme sério com Russell Crowe não se levando a sério
Sim, estamos diante de mais um filme de exorcismo em 2023, e deixando de lado o papo sobre os clichês desse tipo de produção, gostaria de falar sobre outra similaridade que afeta esses filmes desde o clássico “O Exorcista“, passando pelos filmes de “Invocação do Mal” e afins, que é nada mais nada menos que a dificuldade de viver no mundo real.
A maioria dos personagens abordados nesse filmes passam por um trauma gigantesco, desde a perda de alguém querido, a falência financeira, ou está passando por tudo isso junto, que é exatamente o caso de “O Exorcista do Papa”, filme que se leva a sério demais, mas pelo menos tem um Russell Crowe galhofa.
Qual a trama de O Exorcista do Papa?
O filme é inspirado nos arquivos reais do Padre Gabriele Amorth, Chefe Exorcista do Vaticano, que realizou mais de 100.000 exorcismos em sua vida, e faleceu em 2016 aos 91 anos. Amorth escreveu duas memórias – An Exorcist Tells His Story e An Exorcist: More Stories – e detalhou suas experiências lutando contra Satanás e demônios que tentaram o mal contras as pessoas.
O filme, sendo o retrato da figura da vida real, acompanha Amorth (Russell Crowe) enquanto ele investiga a terrível possessão de um menino e acaba descobrindo uma conspiração secular que o Vaticano tentou desesperadamente manter no esquecimento.
O que achamos do filme?
Julius Avery (Operação Overlord) até começa bem, emulando filmes de Sam Raimi como os da franquia Evil Dead e “Arraste-me Para o Inferno“, numa introdução que apresenta o protagonista e sua personalidade peculiar. Aliás, Russell Crowe é a melhor coisa de “O Exorcista do Papa”. O ator neozelandês de 58 anos está fanfarrão na medida certa, sempre com uma frase de efeito impactante, ou uma piadoca.
Claramente, Crowe é o único se divertindo e não levando a sério a produção que logo entra em um emaranhado de péssimas decisões e vai ser tornando um filme chato com o acúmulo de informações desnecessárias e conspiratórias. Está na moda fazer filmes abordando exorcistas, e este aqui não se difere muito dos recentes, com o diabo tentando entrar na igreja, algo parecido com o que “Exorcismo Sagrado” aborda.
Com uma ambientação soturna, se passando num castelo muito parecido com o de “A Freira“, O Exorcista do Papa” tem poucos momentos de brilhantismo, seja nos diálogos com o possuído, na relação entre os padres (o mais experiente e o novato), e na cena final que beira ao absurdo, ficando na linha tênue entre o ridículo e a paródia.
Crowe ocupa quase 100% do longa, potencializando a atuação do restante do elenco que está muito bem, e merecia um filme mais solto, ousado, e que levasse as regras do gênero menos ao pé da letra.
Nota: 4