Nada proposital, a caricatura de “Eike Tudo ou Nada” apenas constrange o espectador
Inspirado no livro da jornalista Malu Gaspar, “Eike Tudo ou Nada”, é um daqueles filmes que pegam um recorte da história total de uma figura pública, e tentam humanizá-la ao máximo. Se tratando de Eike Batista, é um pouco difícil fazer isso, já que estamos falando de um ex-bilionário (não existe identificação), e se torna pior quando o retrato entregue, é uma caricatura ou imitação de sua persona.
Abrir com um flashback de sua infância na Alemanha (país onde Eike nasceu), tem o desejo de aprofundar mais essa relação, mas o discurso falso de meritocracia logo afasta o espectador.
Qual a trama de Eike Tudo ou Nada?
O filme percorre um breve mas intenso período da vida do ex-bilionário Eike Batista (Nelson Freitas), que já foi um dos homens mais admirados do Brasil e o sétimo mais rico do mundo. A história começa em 2006, quando a economia brasileira deslanchava por causa do pré-sal.
Eike Batista decide criar a petroleira OGX e contrata os melhores homens da Petrobras para participar do leilão do pré-sal. Mas os planos megalômanos e uma série de decisões e alianças equivocadas fazem seu império ruir de forma tão espetacular quanto havia crescido. E o Brasil assiste, perplexo, à queda de Eike, que perde toda sua fortuna, poder e prestígio.
O que achamos do filme?
Trazendo um retrato didático do capitalismo, Eike Tudo ou Nada é um daqueles longas repletos de diálogos sofríveis que tentem parecer descolados. A exposição se mistura a termos em inglês e frases prontas ridículas, que podem até ser propositais – demonstrando o meio mesquinho em que o biografado vivia – mas não quer dizer que funcionem.
Esse estilo fanfarrão se aplica a direção e montagem, que tentam parecer frenéticas, mas só irritam, unido a uma trilha sonora presente e inquietante. Essa escolha narrativa dá ao filme um ar de paródia, consumida pela própria excentricidade da figura que quer retratar.
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Nelson Freitas até se esforça, mas parece entregar uma mera imitação barata de Eike, enquanto os coadjuvantes se destacam e parecem sérios em um filme de comédia. O mergulho lúdico na vida pessoal de Eike tem seus momentos mais hipnotizantes, mas duram pouco.
O egocentrismo parece tomar forma no filme, que apresenta histórias paralelas sem motivo, só para fazer uma crítica aos “fãs de bilionário” que existem hoje. Aliás, se você é um deles, nem devia estar por aqui.