The OA – 1ª Temporada | Crítica

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The OA é uma série bem doidona


Criada por Brit Marling (que produz, escreve e estrela a série) e Zal Batmanglij (que dirige a maioria dos episódios) ambos fizeram os longas “fora da casinha” A Seita Misteriosa (2011) e O Sistema (2013) e produzida pela Plan B de Brad Pitt e pela Anonymous Content, responsável por The Knick, True Detective, Mr. Robot e etc, The OA chega ao serviço de streaming de forma tímida, sem nenhuma campanha de marketing abrupta, talvez pelo próprio tom minimalista das obras anteriores de Brit e Zal.

The OA (significado que traremos mais adiante) conta a história de Prairie Johnson (Brit Marling) que retorna após passar 7 anos desaparecida, e se recusa a falar aonde estava e o que fez ou sofreu durante esse tempo, tanto para os pais, como para o FBI.

Mais um detalhe, quando desaparece, Prairie era cega, e volta a cidade com a visão totalmente recuperada, sendo apelidada como “o milagre de Michigan“.

A jovem reúne cinco discípulos Steve Winchell (Patrick Gibson), traficante de drogas e bully da escola local, Alfonso “French” Sosa (Brandon Perea), um garoto que luta para cuidar da mãe e ao mesmo tempo destacar-se nos estudos, Buck Vu (Ian Alexander), um menino transgênero, Jesse (Brendan Meyer), um jovem sem perspectivas e BBA (Phyllis Smith), uma professora que acabara de perder o irmão gêmeo, Prairie resolve contar toda a sua história a eles, fazendo do piloto da série um dos melhores deste ano, já que nossa perspectiva muda completamente durante o episódio e os seguintes, quando novas surpresas são reveladas.

Com oito episódios de 1 hora cada, com exceção dos 3 últimos que são menores, é inegável dizer que The OA não é uma série para todos os gostos, exige um certo pensamento filosófico da parte de quem o assiste, e devo ressaltar que essa crítica tem alguns spoilers.

The OA - 1ª Temporada | Crítica 3

Com um já mencionado piloto incrível ao ir do normal ao “fora da lugar comum” em minutos, The OA (Original Angel) é como Prairie se intitula, e conta sua história desde a infância na Rússia, o que gera incredulidade dos que a ouvem, passando pela morte do pai pela máfia russa, sua adoção pelos pais adotivos Abel e Nancy Johnson (Scott Wilson e Alice Krige em belas atuações), até seu cativeiro de 7 anos, com mais 4 jovens que tiveram a mesma experiência que ela, o EQM (ou Experiência de Quase Morte), que é estudada pelo Dr. Hunter Hap (Jason Isaacs), que pode ser considerado o “vilão” da série.

 A partir daí acompanhamos o impacto de Prairie na vida desses jovens e como sua história os une e os faz querer se tornarem pessoas melhores. Com uma fotografia que varia entre o branco, preto e o cinza, Lol Crawley causa um certo desespero em quem assiste a série, é como se tudo estivesse poluído, algo inserido até no figurino dos personagens. A direção é inquietante e dá a sensação de isolamento e prisão, sempre filmando os rostos daqueles que acompanham a história ou em planos enquadrados em seus troncos.

Curiosamente os flashbacks são mais coloridos, e o cativeiro de Prairie, Homer (Emory Cohen), Rachel (Sharon Van Etten), Scott (Will Brill) e posteriormente Renata (Paz Vega) se torna a parte mais interessante de assistir, auxiliados pela bela trilha de Danny Bensi e Saunder Jurriaans, que fecha um dos melhores episódios com uma versão de “What A Wonderful World” de Louis Armstrong, além de Downtown do Majical Cloudz.

The OA - 1ª Temporada | Crítica 4

Mas erra quem pensa que os apenas os mistérios seguram The OA, sim, eles são interessantes e cheios de conceitos filosóficos e a todo tempo nos perguntamos se aquilo de fato aconteceu, porque em dado momento estamos com os “pés no chão” para em seguida tudo ir para uma loucura sem fim. Apesar de muitas vezes didático e explicar a mesma coisa inúmeras vezes, a força de The OA está em sua carismática protagonista e seus personagens bidimensionais.

Todos, até a subestimada professora, são imprevisíveis, tem suas vidas, mas ao mesmo tempo sentem-se presos a história da garota que era cega e finalmente pode enxergar e mostrar que tudo é possível e que pode sim, abrir um portal para outra dimensão.

Com um incrível cliffhanger para uma provável segunda temporada, que segundo os produtores já tem uma história definida, The OA nos obriga a pensar, a não querer tudo a pé da letra e apesar de um texto muitas vezes expositivo demais, consegue ter força graças aos seus personagens que não se limitam aos seus papéis de origem, mais evoluem no decorrer dos episódios. Com uma bela direção de arte, tomadas aéreas, planos sequências e plongées de causar inveja ao cinema, a Netflix investiu alto para que você aprecie um dos melhores produtos lançados por ela esse ano. Que venha a segunda temporada, porque a morte é só o começo.


Obs: Tentando aprender os 5 movimentos, o difícil vai ser ensinar aos 4 amigos.


The OA - 1ª Temporada | Crítica 5

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