Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Será que Warcraft é a melhor adaptação de games para o cinema?


Warcraft-The-Beginning-Poster-01Desde o seu anúncio, Warcraft sempre esteve cercado pelos fantasmas de uma forma de adaptação que não tem dado certo nos últimos 30 anos, um universo tão rico e glorificado quanto o criado por Tolkien em O Senhor dos Anéis e uma quantidade gigantesca de expectativa para que esse finalmente fosse o início da era dos games no cinema. Dito isso, pode-se dizer que temos o melhor filme baseado em um game até o momento, mas isso precisa ser feito com algumas ressalvas.

Adaptado a partir do universo criado por Chris Metzen para a Blizzard, o longa acompanha o primeiro encontro entre humanos e orcs no reino de Azeroth, depois que esse últimos precisam fugir de seu mundo completamente devastado por forças malignas. Apesar de alguns acordos realizados, a guerra (que aparentemente durará por muitos anos) se torna a única forma de sobrevivência para ambos os lados.

Uma premissa relativamente simples e parecida com outras histórias de fantasia que conta com os diferenciais de um mundo extremamente complexo e detalhado para fazer algo a mais. Assim, como já era de se esperar, o que mais chama a atenção no longa é o visual que recria com perfeição cenários, figurinos, criaturas, armas, magias, castelos, orcs e tudo o que todo jogador da franquia sempre quis ver na tela gigante de um cinema.

O diretor Duncan Jones (responsável pelo maravilhoso Lunar) controla tudo isso com muita destreza, flutuando a câmera de forma espetacular, trabalhando os planos abertos de forma interessante e dando atenção especial para as ótimas cenas de batalha que enchem os olhos de qualquer pessoa sentada no cinema. E ele faz isso com um nível de cuidado que só um fã de verdade poderia ter, enchendo o longa com pequenos momentos que só esse público consegue entender.

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Uma decisão que, apesar de ter agradado algumas pessoas que saiam da minha sessão, também pode ser o grande problema de Warcraft. Junto com várias coincidências infantis, um roteiro picotado e algumas relações sem nenhuma conexão emocional, a grande quantidade de fan services se estende até onde não devia e, assim como aconteceu em Batman vs. Superman, faz com que muitos conceitos importantes passem pela tela de forma rápida e despercebida. E eu digo isso por experiência própria, já que nunca joguei e só conheço algumas coisas do universo graças a rodas de discussão entre amigos.

Tudo bem que o texto de Charles Leavitt e do próprio Duncan Jones acerta em cheio ao abandonar a vilanização óbvia e injetar emoções nos dois lados da história, contando todos os pontos de vista a partir de ideais, problemas e conteúdos emocionais que cercam qualquer civilização. Isso permite que o espectador se apegue a alguns personagens (em sua maior parte orcs) e sofra com as decisões mais corajosas, porém a falta de uma base sólida na apresentação conceitual do universo também tira o peso de outros momentos, fazendo com que nem as muitas pontas soltas sejam capazes de gerar a curiosidade necessária para manter esse mundo vivo nos cinemas.

Mesmo com a apresentação rasa de alguns personagens, eu acredito que o problema só não é maior por que os bons protagonistas do game são interpretados por um elenco interessante e dedicado. O grande destaque fica para quase todos os orcs que ganham vida de forma surpreendente nas mãos da tecnologia super avançada e da brilhante captura de movimentos feita por Toby Kebbell, Rob Kazinsky, Clancy Brown e Daniel Wu.

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Do outro lado do jogo, o destaque é todinho de Paula Patton e a ótima construção do dilema de sua personagem, Garona. Além dela, Ben Schnetzer funciona muito bem como Khadgar, Dominic Cooper faz um trabalho digno, Ben Foster poderia passar um pouquinho mais de credibilidade e Travis Fimmel ganha o público com seu carisma, mesmo fazendo um trabalho praticamente idêntico ao seu papel em Vikings.

O resultado é um filme visualmente perfeito que diverte, emociona e funciona perfeitamente como um ótimo programa de final de semana. Apesar disso, se atrapalha todo na apresentação dos conceitos, corre absurdamente no desenvolvimento emocional de alguns personagens, abusa do uso do fan service e deixa uma grande quantidade de pontas soltas. Warcraft merece sim ser assistido, mas precisaria ter feito um pouquinho mais para prender a atenção do especatador comum e dar o merecido pontapé na era cinematográfica dos games.


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