Demolidor – 2ª Temporada | Crítica

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Em 2015, a Marvel se uniu a Netflix para fazer uma parceria de 4 séries (Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Punho de Ferro) e 1 minissérie (Os Defensores), todas focadas em Nova York, mais precisamente em Hell’s Kitchen. Demolidor foi a primeira, e deu o tom do restante com uma linguagem diferente do cinema, mais sombria e realista.

No primeiro ano tivemos a linha tênue entre vigilante e herói, contar a verdade ou proteger a quem ama, tudo o que permeia a história de origem, também tivemos o desenvolvimento de um vilão, e a origem do mesmo (algo inédito na Marvel até então), além é claro de cenas de luta bem coreografadas, violência extrema e um roteiro preciso. Por isso Demolidor foi uma das melhores séries do ano passado (a melhor segundo eu mesmo). O segundo ano começa onde a 1ª temporada terminou, com o Demolidor/Matthew Murdock (Charlie Cox) enfrentando bandidos, afinal, quem melhor que o Diabo de Hell’s Kitchen para enfrentar o mal? O início não economiza na violência e já mostra o herói estabelecido como protetor do bairro.

O senso de justiça não afeta só o personagem, mas todos que estão à sua volta, tanto com Matt advogado e herói. Passando por dificuldades financeiras na firma Nelson & Murdock, após o caso de sucesso contra Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), Matt tem a polícia e a lei do lado certo desta vez, pelo menos até o momento em que mortes brutais começam a acontecer, com direito a pessoas retalhadas e violência exacerbada. Desde então todos o culpam por começar um movimento, aquele em que todos se acham com o direito de fazer justiça com as próprias mãos. Eis que surge:

  • O Justiceiro (The Punisher)

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Sem cerimônia o personagem dá as caras logo no primeiro episódio, com um belo cartão de visitas. Responsável por assassinar brutalmente uma máfia irlandesa, e como os trailers já diziam “precisão militar para explodir metade da cidade”, Frank Castle (Jon Bernthal) chama a atenção dos policias, da promotoria e de Matt, afinal, o que ele deseja? Com origem parecida com a das HQ’s, tendo algumas alterações para que se encaixe no universo do Demolidor, Frank tem sua família assassinada em um tiroteio de gangues, num dia normal no parque, ex-soldado, o mesmo quase morre no tiroteio, mas volta em busca de vingança. Jon nos entrega uma atuação no mínimo poderosa, como o personagem deve ser.

Punisher (como é chamado logo de cara), é astuto, preciso com armas e combate corpo à corpo, o personagem é atormentado pelo passado e um contraponto necessário ao Demolidor. A discussão sobre justiça e vingança, chega a níveis psicológicos incríveis, com um roteiro que mostra bem o lado de ambos os personagens. Os amantes de boas lutas também não irão se decepcionar, afinal o combate é mental, mas também marcial.

Ao longo de toda a temporada, Justiceiro e Demolidor se enfrentam em cenas inimagináveis. Temos a releitura da cena do corredor, famosa na 1ª temporada, bem mais sangrenta, ao estilo cena da igreja em Kingsman. Com a chegada do Justiceiro o nível de violência aumenta consideravelmente, as vezes sugerida, mas em sua maioria mostrada de forma normal. Jon dá um certo carisma ao personagem, chegando  muitos vezes a questionar o espectador,  se o seu jeito seria o correto.

Em meio há tanta carnificina, o Justiceiro acaba criando inimigos, e combatendo os mesmos, notamos que o personagem não é apenas a casca mostrada até então. Ele tem sentimentos, muitas vezes controversos.

Com seu treinamento militar, o personagem acaba não dependendo de ninguém, ignorando parcerias até quando Matt quer ajudá-lo. Matt, com seu código de não matar, é criticado por Punisher e tentado à passar para o outro lado, como o próprio Frank diz em um dos seus muitos monólogos: “Soldados não usam máscaras“.

  • Elektra 

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Linda, sensual, mortal e manipuladora. Estamos diante da melhor personagem feminina do universo do Demolidor e que nunca tinha sido retratada fielmente das páginas das HQ’s. Criado por Frank Miller, Elektra Natchios é uma personagem impulsiva e com prazer insaciável, seja pela morte, pelo sexo, mas também pelo controle. Um personagem tão complexo cai muito bem em Élodie Yung, a francesa consegue trazer todos os elementos da personagem de forma natural e tem material pra isso.

Retratada tanto no presente, como em flashbacks, sejam de treinamento, ou de como conheceu Matt, a atriz consegue caminhar nas vertentes da sensualidade, ódio e desejo. Apesar de algumas mudanças em sua origem, o cerne da criação de Miller está lá, vemos ela e Matt como jovens delinquentes na faculdade, o desejo de vingança, além é claro da mente assassina da personagem, que ganha outros motivos aqui, mas não menos relevantes. Ela volta a vida de Matt para deter a Yakuza, que a mesma afirma que voltou a Hell’s Kitchen, mal sabem que estão lidando com outra organização poderosa:

  • A Mão

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Ainda um mistério desde a temporada passada, o místico chega a série com a organização conhecida como “A Mão“. Segundo Stick ( Scott Glenn) que nos brinda com seu retorno, a organização descobriu um tesouro: a imortalidade. E pode aumentar tal poder com o uma entidade chamada Céu Negro (já visto na 1ª temporada).

Ele se auto intitula “O Casto” e quer juntar um exército para combater a oganização. Eu sei, parece confuso, mas tudo é retratado de maneira tranquila, com um roteiro auto explicativo, às vezes em excesso. Apesar do receio de Matt à tudo isso, ele acabando cedendo, afinal sendo ele católico, dá abertura para a frase memorável de Stick: “Todo seu sistema de crenças, depende de um cara que conseguiu isso”.

Se Justiceiro e Elektra não são suficientes para você nessa temporada, que tal NINJAS? E é exatamente isso que acontece, com cenas de luta espetaculares e uma dificuldade à mais ao protagonista, pois ninjas são treinados para mascarar seus batimentos cardíacos, dificultando o sonar do nosso amigo Demolidor.

  • Demolidor/Matt Murdock

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Como todo herói, o personagem retorna com mais atitude, não mais se culpando pelo que faz, mas afim de impedir quem quer impedi-lo. Apesar de tentar ser mais presente, além de investir em novos relacionamentos, incluindo um namoro com Karen Page, ele acaba se isolando em seu mundo devido as circunstâncias.

Tanto na pele do Demolidor ou como advogado (que encara bem menos nesta temporada), Matt Murdock parece ter a convicção de que defenderá sua cidade custe o que custar, nem que para isso ele tenha que passar para “o outro lado da linha” como afirma o Justiceiro. A cada dia mais próximo do Demolidor das HQ’s, ele incorpora novos equipamentos ao uniforme, novas armas e luta com mais precisão.

  • Foggy, Karen e retornos importantes

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Com um destaque bem maior nesta temporada Foggy Nelson (Elden Henson) e Karen Page (Deborah Ann Woll), não são só os amigos de Matt ou sidekicks, eles tem papel crucial na trama. Ele mais presente como advogado, já que Matt não está sempre ali, entrega uma boa atuação e tem mais tempo de tela, além de material para mostrar que é um ótimo ator.

Já ela mostra que não é uma garota que precisa ser salva, mas uma mulher corajosa. Fazendo a veia investigativa como na temporada passada, Karen Page tem muito a oferecer e se encaminha para ganhar um destaque ainda maior. Claire (Rosario Dawson) como Enfermeira, faz a ligação com outros universos e está sempre ótima, além da promotora Samantha Reyes (Michelle Hurd) e da volta do policial Brett Mahoney (Royce Johnson).

Temos alguns retornos importantes nesta temporada, que são essências, nunca gratuitos. Não vou falar quais, mas temos a primeira menção a um certo nome, Kingpin talvez.

  • Futuro e Universo Marvel

Temos pequenas ligações ao Universo Marvel, talvez não ao cinematográfico, mas ao televiso e aos quadrinhos. Citações a Jessica Jones e Luke Cage, além de personagens de ambas as séries aparecendo em carne e osso. A série Agents of Shield aparece em um easter egg de Deathlok, personagem antigo das HQ’s que aparece na série da ABC.

O futuro da série não é incerto, já que a conclusão deixa perguntas em aberto para uma eventual 3ª temporada, que acredito eu, não deve acontecer antes de Os Defensores (The Defenders).


Obs: Com os eventos que se seguiram, provavelmente a 3ª temporada aborde a HQ “A Queda de Murdock” de Frank Miller. Leiam, é sensacional.

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